MISTURA DE GRANULADOS

1). INTRODUÇÃO

No início da indústria de fertilizantes, praticamente todo fertilizante era empregado na forma farelada ou em pó. Posteriormente, surgiram os fertilizantes granulados que, devido à série de vantagens que apresentavam dominaram quase todo o mercado. No Brasil, estima-se que atualmente de 80-90% dos fertilizantes são empregados na forma granulada.

O fertilizante granulado, de acordo com o processo empregado na sua fabricação, pode ser classificado em:

mistura granulada, e

mistura de granulados.

2). FERTILIZANTE EM PÓ OU FARELADO

Os fertilizantes em pó apresentam uma série de desvantagens em relação aos granulados, tais como:

menos eficiência agronômica (maior fixação do fósforo com menor aproveitamento do mesmo pela planta).

dificuldades na aplicação.

elevada higroscopicidade.

geralmente de baixa concentração, encarecendo operações de transporte, armazenamento e aplicação.

3). MISTURA GRANULADA OU COMPLEXA

E um fertilizante elaborado através da mistura de elementos simples, farelados ou na forma de pó, dentro das proporções definidas pela fórmula e que a seguir são granuladas, utilizando-se geralmente suportes inertes.

Apresenta inúmeras vantagens em relação à forma farelada, tais como:

facilidade de manuseio,

homogeneidade na mistura,

menor higroscopicidade, etc.

A maior desvantagem apresentada pela mistura granulada é a falta de flexibilidade na composição de fórmulas especiais, exigidas em quantidades reduzidas e as vezes em espaço curto de tempo.

Esta desvantagem veio a ser superada pela introdução do processo de mistura de granulados que é, sem dúvida, a melhor, a mais prática e a mais econômica forma de fornecer N-P-K às plantas, na atualidade.

4). MISTURA DE GRANULADOS

4.1. Definição

Mistura de granulados é um fertilizante produzido pelo moderno processo de mistura física, sem reações químicas, de dois ou mais materiais fertilizantes granulados, perolados ou em forma de macro-cristalina, para elaborar a fórmula desejada.

O processo da mistura de granulados apresenta uma série de vantagens, que explicam o pleno êxito alcançado em vários países, inclusive no Brasil. Calcula-se que, no mundo inteiro, 50-70% do total de fertilizantes são aplicados desta forma.

Normalmente, usa-se na mistura de granulados produtos onde a concentração de nutrientes é elevada.

4.2. Vantagens apresentadas pelas misturas de granulados:

(1). Menor custo do fertilizante

Os elementos simples produzidos com garantias definidas em grande escala pelos complexos industriais são transportados diretamente para as unidades misturadoras, localizadas nas proximidades do consumo. Não há, portanto, elevação de custo pela interferência dos intermediários.

(2). Economia nas operações

A alta concentração normalmente encontrada nestes produtos acarreta economias substanciais no transporte, manuseio, armazenamento, embalagem e aplicação das misturas.

(3). Flexibilidade nas formulações

Propícia a realização de vendas sob prescrição, atendendo às necessidades específicas dos consumidores, mesmo em pequenas quantidades.

(4). Não empastamento e não empedramento

Devido à menor higroscopicidade do produto granulado não há problemas de empastamento e empedramento, comuns nos fertilizantes farelados.

4.3. Cuidados na escolha da matéria prima

A matéria prima destinada ao uso em mistura de fertilizantes granulados deve ser cuidadosamente escolhida no que se refere tanto à composição química como à conformação física. Estes compostos devem ter compatibilidade relativa entre si, a fim de se obterem misturas estáveis com determinadas concentrações, previamente calculadas.

Assim sendo, propriedades químicas, tais como, teor de nutrientes, espécie de radicais, presença de água de hidratação, agentes condicionantes empregados e presença de componentes potencialmente reativos, tais como ácidos livres nos superfosfatos, são importantes na análise de um determinado elemento simples.

A mistura de granulados e a granulação de fertilizantes tiveram desenvolvimentos complementares; as necessidades das misturas motivaram os granuladores à produção de melhores matérias-primas e as disponibilidades destes estimularam o crescimento das misturas de granulados. A mistura de granulados exige materiais bem granulados com tamanhos de partículas aproximadamente iguais, suficientemente secos e consistentes, a fim de não haver deterioração ou empedramento na armazenagem, bem como segregação dos grânulos.

Os fatores que influem na segregação de grânulos são granulometria, densidade e forma das partículas, sendo que a granulometria é considerada o principal fator. Numa mistura de granulados, elaborada tecnicamente, estes fatores são controlados, eliminando-se a possível segregação dos grânulos e obtendo-se assim uma mistura homogênea.

4.4. Matérias primas utilizadas nas Misturas de Granulados

Desde que não haja problema de incompatibilidade química e de granulometria, qualquer elemento simples se presta para a elaboração de Mistura de Granulados. Na prática no entanto, os elementos simples mais utilizados nas misturas de granulados são: nitrato de amônio, uréia, superfosfato triplo, MAP (fosfato de monoamônio), DAP (fosfato de diamônio), cloreto de potássio e superfosfato simples.

4.4.1. Nitrato de Amônio

O nitrato de amônio é um fertilizante totalmente solúvel em água, contendo 34% de nitrogênio, sendo 17% na forma amoniacal e 17% na forma nítrica. Da associação dessas duas formas de nitrogênio, a nítrica e a amoniacal, resultam as seguintes vantagens para as plantas:

(1). N prontamente assimilável: N nítrico.

(2). N retido pelo solo, para ser transformado e absorvido a longo prazo, segundo as necessidades das plantas: N amoniacal.

4.4.2. MAP e DAP

Os fosfatos amoniacais são as matérias primas mais empregadas nas misturas de granulados, podendo-se mesmo dizer que este processo surgiu graças ao aparecimento destes fertilizantes.

Os fosfatos amoniacais mais importantes são o DAP e o MAP, sendo amplamente empregados em todo o mundo. Entre as vantagens apresentadas por estes produtos podemos citar:

(1). Produtos binários (N e P), de alta concentração:

MAP-60% e DAP-62% em nutrientes;

(2).Excelentes propriedades físicas, que propiciam fácil armazenamento, manuseio e incorporação à qualquer tipo de misturas.

(3). Nitrogênio na forma amoniacal, não lixiviável sendo disponível às plantas, por longo tempo, à medida que vai sendo transformado para N nítrico, pelas bactérias do solo.

(4).Fósforo com maior aproveitamento pelas plantas devido à ação sinérgica do N amoniacal, que aumenta sua absorção pelas plantas.

 

FATORES DE CONVERSÃO

1). Fertilizantes e Corretivos

      1. Fósforo

P2O5 x

0,44 = P

P x

2,29 = P2O5
    1. Potássio
    2. K2O x

      0,83 = K

      K x

      1,20 = K2O
    3. Cálcio
    4. Ca x

      1,40 = CaO

      Ca x

      2,50 = CaCO3

      CaO x

      0,71 = Ca

      CaO x

      1,78 = CaCO3
    5. Magnésio

Mg x

1,66 = MgO

Mg x

3,47 = MgCO3

MgO x

0,60 = Mg

MgO x

2,09 = MgCO3

 

2). Na análise de solo:

2.1. Carbono

% C x 1,72= % matéria orgânica (% M.O.)

2.2. Fósforo

1 e. mg P2 O5 /100 ml de TFSA = 100 ppm ou µg de P

= 200 Kg P/ha

= 450 Kg P2O5/ha

2.3. Potássio

1 e. mg K+ /100 ml de TFSA = 400 ppm ou µg K

= 800 Kg K/ha

= 960 Kg K2O/ha

2.4. Cálcio

1 e. mg Ca+2/100 ml de TFSA = 200 ppm Ca

= 400 Kg Ca/ha

= 560 Kg CaO/ha

= 1.000 Kg CaCO3/ha

 

2.5. Magnésio

1 e. mg. Mg+2/100 ml de TFSA = 120 ppm Mg

= 240 Kg Mg/ha

= 400 Kg MgO/ha

= 840 Kg MgCO3/ha

NOTA:

1). O Instituto Agronômico de Campinas utiliza a unidade µg/ml (micrograma por mililitro) que corresponde a ppm (partes por milhão).

2).1 ha = 2.000 ton. de terra (aproximadamente).