CALCÁRIO E GESSO NA PRODUTIVIDADE DA
CANA-DE-AÇÚCAR E NAS CARACTERÍSTICAS
QUÍMICAS DE UM LATOSSOLO DE TEXTURA MÉDIA ÁLICO
(1)
J. L. MORELLI (2),
A. E. DALBEN (2),
J. Q. C. ALMEIDA (2)
J. L. I. DEMATTÊ (3)
RESUMO
Testaram-se os
efeitos de doses crescentes de calcário e gesso na produtividade de quatro
cortes de cana-de-açúcar e nas propriedades químicas de um latossolo
vermelho-escuro álico, textura média, na Usina Barra Grande, em Lençóis
Paulista (SP). O delineamento experimental foi em blocos ao acaso com quatro
repetições, num esquema fatorial 4x4, com quatro doses de calcário e quatro de
gesso (0, 2, 4 e 6t/ha). Análises de solo aos 18 e 27 meses após o plantio
indicaram que, nos tratamentos somente com calcário, a saturação por bases,
inicialmente de 15%, elevou-se de maneira consistente com as doses aplicadas,
atingindo, na dose máxima, valores em torno de 50%, na camada de solo de
0-25cm. O gesso, independente da época e profundidade de amostragem, propiciou
aumentos na saturação por bases, mas provocou o movimento do Mg abaixo de 50cm
de profundidade. Com a associação calcário e gesso, houve melhor distribuição
do Ca e do Mg ao longo do perfil, bem como aumento na saturação por bases e
redução no teor de Al trocável. Ao longo dos quatro cortes, a produção foi
semelhante para calcário e gesso isoladamente, sendo as maiores produções de
colmos obtidas com a associação calcário e gesso, refletindo as melhores
condições químicas do solo. A melhor combinação de calcário e gesso (4+2t/ha
respectivamente) teve um custo correspondente a 13,2t/ha de cana, perfeitamente
compensado pelo acréscimo de produtividade ainda no primeiro corte.
Termos de
indexação: cana-de-açúcar, calagem, gessagem, calcário, gesso, correção do
solo, movimento de cátions.
SUMMARY- LIME AND
PHOSPHOGYPSUM EFFECTS ON THE PRODUCT1VITY OF SUGARCANE AND ON THE CHEMICAL
PROPERTIES OF A MEDIUM TEXTURE LATOSOL
The effects of
lime and gypsum was tested on the productivity of sugarcane in four cuts and on
the chemical properties of a medium textured Latosol. The study area is located
in the Barra Grande Sugar Mill, near Lençóis Paulista city at São Paulo State,
Brazil. The treatments (lime + gypsum), in t/ha were the following: 0+0; 0+2;
0+4; 0+6; 2+0; 2+2; 2+4; 4+0; 4+2; 4+4; 4+6; 6+0; 6+2; 6+4 and 6+6. Soil
analysis at 18 and 27 months after planting indicated that in the treatments
with lime only base saturation increased consistently according to the applied
amounts. This increase was of 15% and reached 50% at 0-25cm depth with the
amount of 6t/ha. The use of gypsum by itself changed the base saturation,
regardless of depth and sampling time, but induced the movement of Mg bellow
the 50cm depth. By associating lime and gypsum, there was a better distribution
of Ca and Mg in all soil layers, as well as an increase in base saturation and
a reduction on the exchangeable aluminum. Either lime or gypsum had equal
effects in the sugar cane production. However the largest stalks productions
were obtained with the association of lime and gypsum. The best combination was
4 + 2 t/ha of lime and gypsum respectively.
Index terms: sugarcane,
liming, lime, phosphogypsum, soil amendment, cation movement.
INTRODUÇÃO
No Estado de São
Paulo e de Mato Grosso, estima-se que 70% das áreas cultivadas mm
cana-de-açúcar se encontrem em solos ácidos, com baixa disponibilidade de
bases. Nessas condições, um dos fatores que têm limitado o aumento de
produtividade das culturas é o pequeno volume de solo explorado pelo sistema
radicular. Em solos de baixa fertilidade, no Pais, constata-se que o sistema
radicular da cana-de-açúcar explora efetivamente cerca de 60cm de solo, embora
existam resultados experimentais mostrando que a cana é capaz de explorar
profundidades de 120 a 200cm quando não houver a presença de barreiras químicas
ao crescimento de raízes (Koffler, 1986). Experimentos realizados por Ritchey
et al. (1980, 1983a) têm demonstrado que é possível aumentar a profundidade de
penetração de raízes, reduzindo-se essas barreiras através da aplicação de
calcário e gesso.
Em experimentos
em solo ácido e usando calcário em dose única e gesso em três doses crescentes,
Morelli et al. (1987) obtiveram resultados comprobatórios a respeito do melhor
efeito em profundidade do gesso, tanto na produção de cana-de-açúcar como na
profundidade de enraizamento. Num dos ensaios, 32% das raízes estavam espalhadas
nas profundidades de 50-100cm para a dose intermediária de gesso, contra 14%
para o calcário.
O presente
trabalho tem por objetivo testar doses crescentes de calcário e gesso e suas
interações nas modificações das características químicas de um solo arenoso e
ácido, bem como encontrar a melhor combinação de suas doses para a
produtividade da cana-de-açúcar.
MATERIAL E
MÉTODOS
O experimento foi
efetuado na Usina Barra Grande, Lençóis Paulista (SP), em latossolo
vermelho-escuro álico textura média. Os resultados das análises químicas
iniciais do solo, amostrado em duas profundidades (0-25 e 25-50cm) antes da
aplicação de calcário e gesso, encontram-se no quadro 1. O delineamento
experimental utilizado foi o de blocos ao acaso em esquema fatorial 4 x 4, com
quatro doses de calcário e quatro de gesso (0, 2, 4 e 6t/ha).
O calcário e o
gesso foram aplicados a lanço e incorporados com grade de 36 discos de 26
polegadas em 16/12/86. Cada parcela foi constituída de oito linhas de cana de
l0m de comprimento e espaçadas de 1,l0m, tomando-se as quatro linhas centrais
como úteis. No plantio, realizado em 18/2/87, com a variedade SP7O-1143, todas
as parcelas receberam 39kg/ha de N, l2Okg/ha de P2O5 e
l2O kg/ha de K2O. Passados oito meses do plantio, foram aplicados,
em cobertura, 32kg ha de N e 40kg/ha de K2O. O calcário utilizado
foi o dolomítico, com 28% de CaO, 15% de MgO e 63% de PRNT. O gesso continha
28% de CaO, 14% de enxofre e 1% de P2O5. Empregaram-se
nas adubações uréia, fosfato monoamônico (MAP) e cloreto de potássio.
Quadro 1. Análise
química e teor de argila do latossolo de textura média, álico, na área
experimental antes da aplicação de calcário e gesso.
Profundidade |
pH-H2O |
M.O. |
Argila |
P |
k |
Ca |
Mg |
Al |
CTC |
V |
% |
ppm |
meq/cm3 |
% |
|||||||
0-25 |
4,9 |
1,4 |
12 |
3 |
0,06 |
0,34 |
0,14 |
0,59 |
3,5 |
15 |
25-50 |
4,9 |
0,9 |
16 |
2 |
0,04 |
0,12 |
0,05 |
0,65 |
2,8 |
9 |
Aos 18 e 27 meses
do plantio, amostras de solo, compostas de doze subamostras em cada parcela,
foram analisadas, segundo as recomendações de Raij & Quaggio (1983). Aos 3
e 9 meses do plantio, efetuaram-se amostragens de folhas, segundo o método
descrito por Samuels (1969) e Bataglia et al. (1983) para análises foliares dos
macronutrientes; o nitrogênio, pelo método Kjeldahl, e P, K, Ca e Mg, por
mineralização nitroperclórica. As colheitas foram realizadas em 7/88, 7/89,
8/90 e 9/91. Depois de cada colheita, fez-se o cultivo de soqueira usual e
adubação com l00kg/ha de N (forma de uréia) e 120kg/ha de K2O. Os
dados de produção dos quatro cortes foram submetidos à análise da variância com
regressão polinomial. O teste usado foi o F na própria análise da variância.
RESULTADOS E
DISCUSSÃO
Modificações
químicas no perfil do solo
Os resultados
demonstram que, antes da aplicação de calcário e gesso (Quadro 1) e no
tratamento sem calcário e gesso, o solo possuía saturação por bases muito baixa
na superfície: os valores estiveram próximos de 15%, decrescendo para níveis em
tomo de 5% a 100cm de profundidade. O teor de Al que aos 18 meses estava na
faixa de 0,70 meq/l00 cm3, elevou- se para próximo de 0,90 aos 27
meses até 50cm, permanecendo praticamente inalterado além dessa profundidade.
Nos tratamentos
somente com calcário, a saturação por bases aos 18 meses elevou-se para 30% na
dose 2t/há; 41%, na de 4t/ha, e 47%, na de 6t/ha - Quadro 2. Na mesma época,
verificou-se um pequeno aumento, na faixa dos 12%, na profundidade 25-60cm para
o tratamento com 2t/ha. À medida que se aumentou a dosagem do calcário, houve
ligeira modificação da saturação por bases em profundidades acima dos 50cm,
ficando na faixa dos 11%. Com o passar do tempo, verificou-se acentuada queda
na saturação por bases para a dose de 2t/ha, caindo de 30 para 17% na
superfície. Ao mesmo tempo, e com essa dosagem, houve um ligeiro aumento da
saturação por bases em profundidade, passando para a faixa dos 15 e 13% nas
profundidades de 25-50 e 50-75cm respectivamente.
Quadro 2.
Saturação por bases e teor de Al trocável em diferentes profundidades do solo
aos 18 e 27 meses após o plantio para os tratamentos com 0, 2, 4 e 6t/ha de
calcário e gesso
Calcário |
Profundi-dade |
Gesso t/ha |
|||||||||||||||
18 meses |
27 meses |
18 meses |
27 meses |
||||||||||||||
0 |
2 |
4 |
6 |
0 |
2 |
4 |
6 |
0 |
2 |
4 |
6 |
0 |
2 |
4 |
6 |
||
(t/ha) |
cm |
Saturação por bases (%) |
Al trocável ( meq/100 cm3) |
||||||||||||||
0 |
0-25 |
16 |
15 |
19 |
21 |
9 |
14 |
16 |
17 |
0,73 |
0,73 |
0,74 |
0,78 |
0,92 |
0,69 |
0,68 |
0,78 |
25-50 |
7 |
13 |
15 |
19 |
8 |
11 |
15 |
11 |
0,74 |
0,75 |
0,68 |
0,82 |
0,84 |
0,76 |
0,66 |
0,78 |
|
50-75 |
7 |
15 |
16 |
22 |
7 |
10 |
15 |
18 |
0,71 |
0,66 |
0,67 |
0,73 |
0,73 |
0,68 |
0,60 |
0,73 |
|
75-100 |
7 |
13 |
17 |
24 |
24 |
12 |
16 |
15 |
0,64 |
0,63 |
0,64 |
0,65 |
0,68 |
0,62 |
0,54 |
0,67 |
|
100-125 |
5 |
11 |
16 |
20 |
4 |
12 |
18 |
17 |
0,67 |
0,64 |
0,66 |
0,64 |
0,71 |
0,59 |
0,53 |
0,64 |
|
2 |
0-25 |
30 |
27 |
36 |
27 |
17 |
28 |
33 |
29 |
0,38 |
0,46 |
0,34 |
0,43 |
0,42 |
0,39 |
0,28 |
0,41 |
25-50 |
12 |
22 |
28 |
21 |
15 |
14 |
18 |
18 |
0,68 |
0,58 |
0,57 |
0,68 |
0,62 |
0,59 |
0,57 |
0,66 |
|
50-75 |
8 |
19 |
26 |
25 |
13 |
17 |
15 |
14 |
0,69 |
0,62 |
0,57 |
0,64 |
0,60 |
0,70 |
0,64 |
0,71 |
|
75-100 |
8 |
16 |
23 |
24 |
8 |
15 |
19 |
18 |
0,63 |
0,62 |
0,57 |
0,59 |
0,62 |
0,55 |
0,54 |
0,61 |
|
100-125 |
6 |
13 |
17 |
25 |
9 |
11 |
18 |
21 |
0,61 |
0,63 |
0,57 |
0,58 |
0,60 |
0,56 |
0,50 |
0,57 |
|
4 |
0-25 |
41 |
34 |
46 |
46 |
39 |
43 |
44 |
41 |
0,17 |
0,38 |
0,17 |
0,15 |
0,21 |
0,24 |
0,12 |
0,16 |
25-50 |
12 |
19 |
26 |
24 |
16 |
24 |
27 |
22 |
0,66 |
0,70 |
0,50 |
0,68 |
0,57 |
0,44 |
0,42 |
0,49 |
|
50-75 |
12 |
20 |
23 |
24 |
8 |
14 |
17 |
15 |
0,65 |
0,60 |
0,56 |
0,65 |
0,62 |
0,62 |
0,54 |
0,66 |
|
75-100 |
10 |
15 |
25 |
25 |
9 |
20 |
21 |
18 |
0,21 |
0,58 |
0,57 |
0,59 |
0,61 |
0,45 |
0,50 |
0,60 |
|
100-125 |
11 |
17 |
18 |
26 |
8 |
17 |
19 |
23 |
0,61 |
0,65 |
0,61 |
0,61 |
0,59 |
0,60 |
0,54 |
0,54 |
|
6 |
0-25 |
47 |
57 |
45 |
55 |
52 |
58 |
44 |
59 |
0,13 |
0,06 |
0,15 |
0,07 |
0,11 |
0,05 |
0,14 |
0,05 |
25-50 |
11 |
25 |
21 |
27 |
23 |
28 |
22 |
32 |
0,68 |
0,56 |
0,67 |
0,52 |
0,45 |
0,30 |
0,44 |
0,35 |
|
50-75 |
9 |
22 |
25 |
25 |
13 |
16 |
14 |
20 |
0,65 |
0,54 |
0,59 |
0,56 |
0,62 |
0,68 |
0,54 |
0,57 |
|
75-100 |
11 |
22 |
24 |
32 |
12 |
17 |
18 |
22 |
0,58 |
0,46 |
0,53 |
0,50 |
0,57 |
0,50 |
0,47 |
0,50 |
|
100-125 |
13 |
16 |
18 |
34 |
10 |
15 |
15 |
23 |
0,55 |
0,50 |
0,54 |
0,54 |
0,60 |
0,48 |
0,49 |
0,46 |
Com o aumento da
dose de calcário para 4t/ha, a tendência da saturação por bases foi a mesma que
na dose de 2t/ha, caindo de 41 para 39% na superfície e aumentando de 12 para
16% a 25-50cm de profundidade. Na dose máxima, o calcário, aos 27 meses, passou
de 47 para 52% na superfície. Tal reação se prolongou também na subsuperfície,
principalmente nas camadas 25-50 e 50-75cm, onde a saturação passou de 11 para
23 e 9 para 13% respectivamente.
A recomendação de
calcário utilizando a saturação por bases para 60% (Raij et al., 1985) indica
uma quantidade de calcário de 2,4t/ha, de acordo com a análise do solo antes da
instalação do experimento. Observa-se que, mesmo nas doses mais elevadas, a
saturação por bases não atingiu 60%: com 6t/ha, ficou na faixa dos 52% após 27
meses de reação do calcário.
Em relação ao
teor de Al - Quadro 2- as reduções foram proporcionais aos aumentos das doses
de calcário: seu teor passou de 0,73, na testemunha, para 0,38, 0,17 e 0,13
meq/l00cm3 nas doses de 2, 4 e 6t/ha de calcário respectivamente. Na
faixa de 25-50cm, houve pequena redução de Al pela ação do calcário. Nas demais
profundidades, praticamente não houve nenhuma alteração.
Em relação ao Ca
e ao Mg - Quadro 3 - e com a aplicação do calcário, houve sensível
enriquecimento tanto na superfície como na camada 25-50cm. Aos 27 meses, ainda
continuou o enriquecimento em Ca e Mg, proporcional às doses empregadas, porém
com efeito principalmente até a 2ª camada. As alterações do pH-CaCl2
também seguem as mesmas tendências das bases. Em 2t/ha de calcário,
praticamente não houve mais reação aos 27 meses, ficando o pH em 4,4. Com o
aumento das doses de calcário, ainda se verificou aumento do pH com o tempo,
proporcional às doses. Em 6,0t/ha, o pH passou de 4,5, aos 18 meses, para 5,2
aos 27 meses. A alteração do pH também se processou na 2ª camada,
mas somente para a dose máxima de calcário.
Quadro 3. Teores
de Ca e Mg trocáveis do solo em diferentes profundidades aos 18 e 27 meses após
o plantio para os tratamentos com 0, 2, 4 e 6t/ha de calcário e gesso
Calcário |
Profundi-dade |
Gesso t/ha |
|||||||||||||||
18 meses |
27 meses |
18 meses |
27 meses |
||||||||||||||
0 |
2 |
4 |
6 |
0 |
2 |
4 |
6 |
0 |
2 |
4 |
6 |
0 |
2 |
4 |
6 |
||
(t/ha) |
cm |
Ca trocável ( meq/100 cm3) |
Mg trocável ( meq/100 cm3) |
||||||||||||||
0 |
0-25 |
0,40 |
0,56 |
0,77 |
1,12 |
0,35 |
0,54 |
0,73 |
0,79 |
0,17 |
0,07 |
0,06 |
0,06 |
0,09 |
0,07 |
0,07 |
0,08 |
25-50 |
0,17 |
0,34 |
0,50 |
0,69 |
0,20 |
0,29 |
0,43 |
0,49 |
0,06 |
0,05 |
0,05 |
0,05 |
0,05 |
0,05 |
0,05 |
0,06 |
|
50-75 |
0,13 |
0,32 |
0,38 |
0,67 |
0,11 |
0,22 |
0,36 |
0,46 |
0,06 |
0,08 |
0,06 |
0,08 |
0,05 |
0,06 |
0,05 |
0,25 |
|
75-100 |
0,10 |
0,23 |
0,35 |
0,60 |
0,08 |
0,25 |
0,35 |
0,43 |
0,03 |
0,09 |
0,08 |
0,14 |
0,05 |
0,06 |
0,05 |
0,08 |
|
100-125 |
0,08 |
0,19 |
0,30 |
0,42 |
0,06 |
0,21 |
0,37 |
0,44 |
0,02 |
0,08 |
0,13 |
0,13 |
0,05 |
0,06 |
0,06 |
0,07 |
|
2 |
0-25 |
0,71 |
0,89 |
1,30 |
1,79 |
0,74 |
0,95 |
1,21 |
1,33 |
0,42 |
0,26 |
0,36 |
0,20 |
0,40 |
0,29 |
0,27 |
0,17 |
25-50 |
0,22 |
0,53 |
0,80 |
0,69 |
0,32 |
0,36 |
0,51 |
0,57 |
0,09 |
0,17 |
0,22 |
0,09 |
0,16 |
0,11 |
0,10 |
0,07 |
|
50-75 |
0,13 |
0,38 |
0,59 |
0,70 |
0,22 |
0,34 |
0,32 |
0,35 |
0,06 |
0,16 |
0,19 |
0,12 |
0,09 |
0,09 |
0,07 |
0,05 |
|
75-100 |
0,12 |
0,31 |
0,48 |
0,64 |
0,12 |
0,27 |
0,42 |
0,42 |
0,05 |
0,14 |
0,17 |
0,14 |
0,06 |
0,10 |
0,09 |
0,05 |
|
100-125 |
0,07 |
0,19 |
0,32 |
0,57 |
0,09 |
0,18 |
0,39 |
0,51 |
0,04 |
0,08 |
0,12 |
0,17 |
0,05 |
0,07 |
0,10 |
0,07 |
|
4 |
0-25 |
1,06 |
1,26 |
1,85 |
2,03 |
1,10 |
1,43 |
1,62 |
1,54 |
0,74 |
0,47 |
0,50 |
0,36 |
0,70 |
0,59 |
0,44 |
0,32 |
25-50 |
0,26 |
0,49 |
0,69 |
0,71 |
0,35 |
0,59 |
0,72 |
0,66 |
0,13 |
0,17 |
0,22 |
0,13 |
0,20 |
0,24 |
0,19 |
0,13 |
|
50-75 |
0,19 |
0,42 |
0,47 |
0,61 |
0,14 |
0,24 |
0,40 |
0,38 |
0,10 |
0,19 |
0,16 |
0,15 |
0,07 |
0,08 |
0,10 |
0,07 |
|
75-100 |
0,16 |
0,25 |
0,49 |
0,57 |
0,14 |
0,37 |
0,45 |
0,42 |
0,09 |
0,16 |
0,21 |
0,20 |
0,07 |
0,14 |
0,11 |
0,08 |
|
100-125 |
0,15 |
0,29 |
0,31 |
0,50 |
0,11 |
0,31 |
0,36 |
0,53 |
0,08 |
0,14 |
0,17 |
0,24 |
0,06 |
0,13 |
0,11 |
0,11 |
|
6 |
0-25 |
1,23 |
1,71 |
1,57 |
2,05 |
1,30 |
1,64 |
1,44 |
2,34 |
0,89 |
0,87 |
0,53 |
0,56 |
0,93 |
0,87 |
0,56 |
0,61 |
25-50 |
0,22 |
0,55 |
0,58 |
0,75 |
0,44 |
0,63 |
0,55 |
0,95 |
0,13 |
0,21 |
0,19 |
0,19 |
0,28 |
0,32 |
0,21 |
0,21 |
|
50-75 |
0,13 |
0,44 |
0,60 |
0,59 |
0,20 |
0,31 |
0,29 |
0,52 |
0,07 |
0,22 |
0,22 |
0,19 |
0,11 |
0,13 |
0,09 |
0,11 |
|
75-100 |
0,14 |
0,36 |
0,47 |
0,68 |
0,16 |
0,26 |
0,33 |
0,50 |
0,08 |
0,23 |
0,23 |
0,31 |
0,08 |
0,10 |
0,13 |
0,12 |
|
100-125 |
0,18 |
0,23 |
0,30 |
0,62 |
0,14 |
0,24 |
0,26 |
0,51 |
0,10 |
0,15 |
0,18 |
0,38 |
0,07 |
0,11 |
0,11 |
0,14 |
O uso isolado do
gesso não modificou a acidez do solo conforme se verifica nos teores de Al
trocável (Quadro 2) e nos valores de pH-CaCl2 (Quadro 4),
concordando mm a afirmação de Raij (1988) de que o gesso não é corretivo de
acidez.
O gesso
isoladamente não causou alterações no teor de Al trocável até os 18 meses, nem
mesmo na dose de 6t/ha, contrariando, assim, os resultados de outros autores,
como Pavan et al. (1984), Nogueira (1985), Pavan & Bingham (1986) e Farina
& Channon (1988).
Quanto ao Ca e
Mg, as alterações provocadas pelo gesso foram bastante evidentes - Quadro 3.
Aos 18 meses, com a elevação das doses, houve aumento gradativo do teor de Ca
tanto na superfície como nas demais camadas até na de 100-125cm. Nesta
profundidade, o teor de Ca para a dose 6t/ha de gesso é de 0,42 contra 0,40
meq/l00cm3 da testemunha na superfície (0-25cm). Por outro lado, e
ao contrário do calcário, o empobrecimento na superfície causado pelo gesso é
mais evidente. Assim, aos 27 meses, já houve uma queda visível no teor de Ca na
superfície, queda esta maior (em torno de 50%) na dose de 6t/ha de gesso. Em
relação ao Mg, o uso do gesso isoladamente provocou sensível lixiviação
profunda, mesmo nas doses de 2t/ha de gesso. Aos 18 meses o teor de Mg na
superfície para as doses 4 e 6t/ha era de 0,06 meq/l00cm3 contra
0,17 meq/ l00cm3 da testemunha. O teor de Mg passou para 0,13 meq/
l00cm3 na profundidade de 100-125cm . Aos 27 meses, o teor de Mg,
nessa profundidade, reduziu-se para 0,06 meq/l00cm3, indicando,
assim, o efeito acentuadamente maléfico do gesso quando usado isoladamente,
efeito esse já salientado por outros pesquisadores, entre eles Reeve &
Summer (1972) e Ritchey et al. (1980).
A redistribuição
das bases está intimamente associada ao teor de SO4 (Quadro 3)
oriundo do gesso. O mesmo raciocínio se aplica à saturação por bases (Quadro
2), que segue a redistribuição do Ca e Mg. O aumento da saturação por bases,
motivado pelo uso do gesso, é mais atribuído a uma concentração de Ca, uma vez
que o gesso não altera o pH e, consequentemente, a CTC efetiva. Comparando-se
com o calcário, essa característica se altera mais rapidamente em profundidade
com o uso do gesso. Entretanto, os valores atingidos da saturação por bases
quando se usa o gesso são bem menores quando comparado ao calcário. Na superfície
e na dose de 6t/ha de gesso, o V% foi de 21 contra 55 para a mesma dose do
calcário (Quadro 2).
Por outro lado,
quando se utiliza o calcário associado com o gesso, há profundas alterações nas
características químicas estudadas com um enriquecimento seguro por bases,
principalmente Mg. Observando-se a combinação calcário e gesso (4+2), aos 27
meses, nota-se que, em relação à testemunha, houve sensível melhora nos teores
do Mg. O mesmo se aplica para a combinação 6+2. Na proporção 2+2, aparentemente
não houve Mg suficiente do calcário para ser redistribuído no solo através do
gesso. Aparentemente, a associação calcário-gesso propiciou maior redução do Al
trocável quando comparado com o calcário somente. Na combinação 6t/ha de
calcário com 2, 4 e 6t/ha de gesso (Quadro 2), o teor de Al trocável é menor
nas associações tanto na superfície como na camada 25-50cm de profundidade aos
18 e 27 meses. O pH-CaCl2 acompanha a mesma tendência (Quadro 4).
Produção de cana
Os dados de
produção - Quadro 5-indicam efeitos positivos para o uso isolado, quer do
calcário, quer da sua combinação com o gesso. No caso específico do calcário e
para os quatro cortes, a melhor resposta esteve sempre na faixa de 3,2t/ha,
acima, portanto, da dose recomendada de 2,4t/ha para cana-de-açúcar pelo
sistema IAC (Raij et al., 1985), calculado através dos dados analíticos do
quadro 1. Na produção acumulada dos quatro cortes, a dose de 4t/ha de calcário
propiciou um aumento de 56t/ha de colmos de cana-de-açúcar, praticamente um
corte adicional se considerar-se a produção de 55t/ha como sendo limite para
reformas em áreas de baixa fertilidade nas usinas e destilarias.
Por sua vez, as
doses crescentes de gesso têm proporcionado também aumento na produtividade,
com valores praticamente semelhantes ao do calcário (Quadro 5). As doses de 2,
4 e 6t/ha de gesso produziram praticamente a mesma quantidade de cana do que as
doses crescentes de calcário para os quatro cortes. A única exceção corresponde
ao quarto corte, na dose de 2t/ha de gesso, com 100t/ha, contra 110,2t/ha de
cana para as 2t/ha de calcário. Na soma total da produção de cana, as doses de
gesso proporcionaram uma quantidade de 1.314t contra 1.327t de cana para o
calcário, não havendo praticamente diferença entre eles.
A combinação das
doses de calcário com as de gesso, independentemente da proporção, tem
produzido sempre mais cana em todos os cortes. O maior acréscimo de produção
atingido (Quadro 7), quando se observa o efeito isolado do calcário ou do
gesso, foi da dose de 4t/ha do calcário, com 55t/ha de cana. Nas combinações
das doses de ambos, independentemente da proporção, sempre houve maior
produção. O valor mínimo foi de 59t/ha (para a relação 6+4 de calcário e gesso
respectivamente) contra um máximo de 90t/ha (para a relação 4+2). Pelos dados
de produção (Quadro 5) verifica-se que a proporção 4+2t/ha de calcário e gesso
respectivamente indica excelentes produções ao longo dos quatro cortes. Na soma
geral (Quadro 7), essa combinação aparece com um valor mínimo de 90t/ha, com um
segundo lugar de 77t/ha da combinação de 6+6. Em relação à produção máxima de
cana obtida somente com o calcário (55t/ba) na dose de 4t/ha, o incremento de
85t/ha da proporção 4+2 (90t/ha) de calcário e gesso respectivamente é
expressivo.
Quadro 4. Valor
de pH e teor de SO4-2 em diferentes profundidades do solo
para os tratamentos com 0, 2, 4 e 6t/ha de calcário e gesso aos 18 e 27 meses
após o plantio.
Calcário |
Profundi-dade |
Gesso t/ha |
|||||||||||||||
18 meses |
27 meses |
18 meses |
27 meses |
||||||||||||||
0 |
2 |
4 |
6 |
0 |
2 |
4 |
6 |
0 |
2 |
4 |
6 |
0 |
2 |
4 |
6 |
||
(t/ha) |
cm |
pH-CaCl2 |
SO4-2 ppm |
||||||||||||||
0 |
0-25 |
4,0 |
4,1 |
4,1 |
4,0 |
3,9 |
4,1 |
4,1 |
4,1 |
9 |
17 |
52 |
84 |
12 |
21 |
10 |
31 |
25-50 |
4,0 |
4,0 |
4,1 |
4,0 |
4,0 |
4,1 |
4,1 |
4,1 |
9 |
41 |
61 |
84 |
14 |
22 |
25 |
42 |
|
50-75 |
4,0 |
4,1 |
4,1 |
4,0 |
4,1 |
4,1 |
4,1 |
4,1 |
8 |
47 |
57 |
105 |
12 |
32 |
39 |
54 |
|
75-100 |
4,1 |
4,1 |
4,1 |
4,0 |
4,0 |
4,2 |
4,1 |
4,1 |
11 |
43 |
61 |
116 |
11 |
35 |
49 |
66 |
|
100-125 |
4,3 |
4,1 |
4,1 |
4,1 |
4,1 |
4,2 |
4,1 |
4,1 |
9 |
25 |
50 |
69 |
11 |
28 |
51 |
70 |
|
2 |
0-25 |
4,4 |
4,3 |
4,4 |
4,1 |
4,4 |
4,4 |
4,6 |
4,4 |
11 |
19 |
46 |
107 |
8 |
8 |
19 |
33 |
25-50 |
4,0 |
4,2 |
4,2 |
4,1 |
4,1 |
4,2 |
4,2 |
4,1 |
17 |
36 |
72 |
74 |
13 |
21 |
27 |
39 |
|
50-75 |
4,0 |
4,1 |
4,1 |
4,1 |
4,1 |
4,1 |
4,1 |
4,1 |
11 |
51 |
75 |
90 |
14 |
31 |
55 |
60 |
|
75-100 |
4,1 |
4,1 |
4,1 |
4,1 |
4,1 |
4,1 |
4,2 |
4,2 |
9 |
42 |
45 |
65 |
14 |
36 |
64 |
70 |
|
100-125 |
4,1 |
4,1 |
4,1 |
4,1 |
4,2 |
4,1 |
4,2 |
4,2 |
9 |
16 |
20 |
98 |
12 |
14 |
52 |
79 |
|
4 |
0-25 |
4,6 |
4,4 |
4,4 |
4,7 |
4,7 |
4,8 |
4,9 |
4,7 |
11 |
42 |
67 |
91 |
18 |
19 |
26 |
34 |
25-50 |
4,1 |
4,1 |
4,2 |
4,1 |
4,2 |
4,3 |
4,3 |
4,2 |
14 |
68 |
64 |
110 |
11 |
23 |
31 |
37 |
|
50-75 |
4,1 |
4,1 |
4,1 |
4,1 |
4,1 |
4,2 |
4,2 |
4,1 |
15 |
49 |
71 |
112 |
11 |
38 |
46 |
55 |
|
75-100 |
4,1 |
4,1 |
4,1 |
4,2 |
4,1 |
4,3 |
4,2 |
4,1 |
11 |
37 |
87 |
114 |
8 |
33 |
56 |
67 |
|
100-125 |
4,0 |
4,0 |
4,1 |
4,2 |
4,1 |
4,5 |
4,2 |
4,2 |
9 |
18 |
55 |
100 |
13 |
27 |
52 |
75 |
|
6 |
0-25 |
4,5 |
5,0 |
4,8 |
5,0 |
5,2 |
5,3 |
4,8 |
5,3 |
11 |
15 |
30 |
60 |
5 |
8 |
16 |
45 |
25-50 |
4,3 |
4,8 |
4,2 |
4,2 |
4,3 |
4,5 |
4,2 |
4,5 |
13 |
39 |
63 |
72 |
12 |
24 |
26 |
47 |
|
50-75 |
4,0 |
4,2 |
4,2 |
4,2 |
4,1 |
4,2 |
4,1 |
4,2 |
15 |
68 |
85 |
88 |
13 |
38 |
36 |
58 |
|
75-100 |
4,1 |
4,2 |
4,2 |
4,2 |
4,1 |
4,3 |
4,2 |
4,3 |
11 |
46 |
85 |
128 |
15 |
30 |
37 |
75 |
|
100-125 |
4,1 |
4,2 |
4,2 |
4,3 |
4,1 |
4,5 |
4,2 |
4,3 |
11 |
20 |
57 |
114 |
12 |
21 |
30 |
75 |
Como se viu, o
uso do calcário proporcionou modificações químicas acentuadas, principalmente
na camada superficial do solo, e ligeiras na segunda (25-50cm), sobretudo para
as doses de 4 e 6t/ha.
Por sua vez, a
ação isolada do gesso proporcionou sensíveis modificações em profundidade, no
que se refere ao Ca e ao SO4. Entretanto, a ação isolada deste
produto motivou acentuado empobrecimento no teor de Mg, em todo o perfil do
solo. Os dados de produção de cana
indicaram, ao longo dos quatro cortes, valores semelhantes para os dois
produtos, porém sempre inferiores a qualquer combinação calcário-gesso. As
modificações químicas proporcionadas pela associação de ambos foram sempre
melhores que isolados, refletindo-se positivamente na produtividade agrícola.
Tal resultado vem comprovar que o calcário associado ao gesso é uma combinação
que se deve considerar no manejo dos solos ácidos. A análise estatística
mostrou significância para as doses de calcário e de gesso para todos os
cortes. Por sua vez, não houve significância para as interações As equações
quadráticas, assim como os valores de r para calcário e gesso nos quatro cortes
e na média, encontram-se no quadro 6.
Segundo as
equações, a dose de calcário para produção máxima foi de 4,1t/ha, superior a
que seria recomendada pela fórmula do IAC (2,4t/ha) e, a do gesso, de 4,6t/ha.
Como a cana-de-açúcar é uma cultura semiperene, o corretivo deve ser colocado visando também à
longevidade, e não só ao primeiro corte.
Quadro 5.
Produção de colmos de cana-de-açúcar (t/ha), de acordo com as doses (t/ha) de
calcário e gesso adicionadas ao LEa distrófico de Lençóis Paulista
Calcário |
Gesso (t/ha) |
Média |
|||
0 |
2 |
4 |
6 |
||
|
1º corte |
|
|||
0 |
121,8 |
128,9 |
129,8 |
130,7 |
127,8 |
2 |
128,8 |
131,5 |
140,4 |
133,1 |
133,4 |
4 |
130,0 |
139,9 |
133,5 |
135,2 |
134,7 |
6 |
126,2 |
128,6 |
130,7 |
126,8 |
128,1 |
Média |
126,7 |
132,2 |
133,6 |
131,5 |
|
|
2º corte |
|
|||
0 |
98,3 |
103,0 |
109,6 |
109,1 |
105,0 |
2 |
107,9 |
109,9 |
116,0 |
111,6 |
111,4 |
4 |
110,4 |
119,0 |
118,7 |
129,2 |
119,3 |
6 |
106,0 |
111,0 |
109,7 |
117,2 |
111,0 |
Média |
105,6 |
110,7 |
113,5 |
116,8 |
|
|
3º corte |
|
|||
0 |
88,0 |
93,2 |
96,2 |
96,6 |
93,5 |
2 |
94,1 |
98,3 |
99,9 |
95,4 |
96,9 |
4 |
97,0 |
100,8 |
102,5 |
94,6 |
98,7 |
6 |
96,0 |
104,7 |
96,5 |
103,3 |
100,1 |
Média |
93,7 |
99,2 |
98,8 |
97,5 |
|
|
4º corte |
|
|||
0 |
88,1 |
100,1 |
110,1 |
111,5 |
102,4 |
2 |
110,2 |
116,3 |
112,7 |
117,6 |
114,2 |
4 |
113,2 |
125,8 |
116,0 |
114,0 |
117,2 |
6 |
112,8 |
125,2 |
117,7 |
126,1 |
120,4 |
Média |
106,1 |
116,8 |
114,1 |
117,3 |
|
Quadro 6.
Equações quadráticas para produção dos quatro cortes de cana e equação
média dos cortes (y) em função de doses de calcário e gesso (x)
Material |
Categoria Cana |
Equação quadrática |
r2 |
Calcário |
1º corte |
y = 127,63 + 4,69x - 0,76x2 |
0,99 |
2º corte |
y = 104,10 + 6,81x - 0,92x2 |
0,85 |
|
3º corte |
y = 93,52 + 1,89x - 0,24x2 |
0,99 |
|
4º corte |
y = 102,91 + 5,98x - 0,51x2 |
0,98 |
|
Média |
y = 107,04 + 4,85x - 0,58x2 |
0,99 |
|
Gesso |
1º corte |
y = 126,72 + 3,67x - 0,48x2 |
0,99 |
2º corte |
y = 105,78 + 2,46x - 0,31x2 |
0,99 |
|
3º corte |
Y = 93,93 + 3,12x - 0,43x2 |
0,93 |
|
4º corte |
y = 107,80 + 3,47x - 0,32x2 |
0,72 |
|
Média |
y = 108,37 + 3,41x - 0,37x2 |
0,93 |
|
r2 = coeficiente de determinação. |
O custo dos
tratamentos com valores transformados em toneladas de cana/hectare - Quadro 7-
revela que o acréscimo de produção ao longo dos cortes foi mais do que
suficiente para seu pagamento. A grande maioria dos tratamentos foi paga logo
no 1º corte. Para o tratamento 4+2 (calcário e gesso
respectivamente), de elevada produção agrícola, o custo, 13,2t/ha, foi pago
logo no 1º corte, cujo acréscimo foi de 18/ha.
Quadro 7.
Acréscimos de produção de cana em quatro cortes do experimento com calcário e
gesso em solo arenoso e custo dos tratamentos com os valores transformados em
tonelada de cana por hectare(1)
Tratamentos |
1º corte |
2º corte |
3º corte |
4º corte |
Total |
Custo |
||
|
Calcário |
Gesso |
||||||
1 |
0 |
0 |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
2 |
0 |
2 |
7 |
5 |
5 |
12 |
29 |
3,3 |
3 |
0 |
4 |
8 |
12 |
8 |
22 |
50 |
5,1 |
4 |
0 |
6 |
9 |
11 |
9 |
23 |
52 |
6,9 |
5 |
2 |
0 |
7 |
10 |
6 |
22 |
45 |
5,7 |
6 |
2 |
2 |
9 |
12 |
10 |
28 |
59 |
8,9 |
7 |
2 |
4 |
18 |
18 |
12 |
25 |
73 |
10,8 |
8 |
2 |
6 |
11 |
14 |
7 |
30 |
62 |
12,6 |
9 |
4 |
0 |
8 |
13 |
9 |
25 |
55 |
9,9 |
10 |
4 |
2 |
18 |
21 |
13 |
38 |
90 |
13,2 |
11 |
4 |
4 |
11 |
21 |
14 |
28 |
74 |
15,0 |
12 |
4 |
6 |
13 |
31 |
7 |
26 |
77 |
16,8 |
13 |
6 |
0 |
4 |
8 |
8 |
25 |
45 |
14,2 |
14 |
6 |
2 |
7 |
13 |
17 |
37 |
74 |
17,4 |
15 |
6 |
4 |
9 |
9 |
8 |
30 |
69 |
19,2 |
16 |
6 |
6 |
5 |
19 |
15 |
38 |
77 |
21,1 |
(1) Preço t cana = Cr$9.727,02; Preço t calcário + frete = Cr$20.643,72; Preço t gesso +frete= Cr$8.947,45; Custo aplicação = Cr$13571,424ha (calcário ou gesso) |
CONCLUSÕES
1. Tanto o
calcário como o gesso proporcionaram aumentas nos teores de Ca e na saturação
por bases no perfil, porém os efeitos do gesso em profundidade foram mais
pronunciados. O gesso aplicado isoladamente causou considerável lixiviação de
Mg. Com a associação calcário-gesso, houve melhor distribuição do Ca e do Mg no
perfil e aumento mais pronunciado na saturação por bases.
2. Os dados de
produção de cana indicaram, ao longo dos quatro cortes, valores semelhantes
para o calcário e para o gesso isoladamente, sendo as maiores produções obtidas
com a associação calcário-gesso, refletindo as melhores condições químicas do
solo.
3. Uma das
melhores combinações de calcário e gesso (4+2t/ha respectivamente) teve um
custo correspondente a 13,2t/ha de cana perfeitamente coberto pelo acréscimo de
produtividade de 18t/ha, logo no primeiro corte.
(1)- Recebido
para publicação em janeiro de 1990 e aprovado em abril d. 1992.
(2)- Engenheiro
Agrônomo da Usina Barra Grande de Lençóis S/A, Caixa Postal 356, CEP 18680-900
Lençóis Paulista (SP).
(3)- Professor
Titular do Departamento d. Ciência do Solo da ESALOJU8P, CEP 13418-900
Piracicaba (SP).
Publicado
originalmente na Revista Brasileira de Ciência do Solo, Campinas, 16:187-194,
1992.
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