CALCÁRIO E GESSO NA PRODUTIVIDADE DA CANA-DE-AÇÚCAR E NAS CARACTERÍSTICAS

QUÍMICAS DE UM LATOSSOLO DE TEXTURA MÉDIA ÁLICO (1)

J. L. MORELLI (2),

A. E. DALBEN (2),

J. Q. C. ALMEIDA (2)

J. L. I. DEMATTÊ (3)

RESUMO

Testaram-se os efeitos de doses crescentes de calcário e gesso na produtividade de quatro cortes de cana-de-açúcar e nas propriedades químicas de um latossolo vermelho-escuro álico, textura média, na Usina Barra Grande, em Lençóis Paulista (SP). O delineamento experimental foi em blocos ao acaso com quatro repetições, num esquema fatorial 4x4, com quatro doses de calcário e quatro de gesso (0, 2, 4 e 6t/ha). Análises de solo aos 18 e 27 meses após o plantio indicaram que, nos tratamentos somente com calcário, a saturação por bases, inicialmente de 15%, elevou-se de maneira consistente com as doses aplicadas, atingindo, na dose máxima, valores em torno de 50%, na camada de solo de 0-25cm. O gesso, independente da época e profundidade de amostragem, propiciou aumentos na saturação por bases, mas provocou o movimento do Mg abaixo de 50cm de profundidade. Com a associação calcário e gesso, houve melhor distribuição do Ca e do Mg ao longo do perfil, bem como aumento na saturação por bases e redução no teor de Al trocável. Ao longo dos quatro cortes, a produção foi semelhante para calcário e gesso isoladamente, sendo as maiores produções de colmos obtidas com a associação calcário e gesso, refletindo as melhores condições químicas do solo. A melhor combinação de calcário e gesso (4+2t/ha respectivamente) teve um custo correspondente a 13,2t/ha de cana, perfeitamente compensado pelo acréscimo de produtividade ainda no primeiro corte.

Termos de indexação: cana-de-açúcar, calagem, gessagem, calcário, gesso, correção do solo, movimento de cátions.

SUMMARY- LIME AND PHOSPHOGYPSUM EFFECTS ON THE PRODUCT1VITY OF SUGARCANE AND ON THE CHEMICAL PROPERTIES OF A MEDIUM TEXTURE LATOSOL

The effects of lime and gypsum was tested on the productivity of sugarcane in four cuts and on the chemical properties of a medium textured Latosol. The study area is located in the Barra Grande Sugar Mill, near Lençóis Paulista city at São Paulo State, Brazil. The treatments (lime + gypsum), in t/ha were the following: 0+0; 0+2; 0+4; 0+6; 2+0; 2+2; 2+4; 4+0; 4+2; 4+4; 4+6; 6+0; 6+2; 6+4 and 6+6. Soil analysis at 18 and 27 months after planting indicated that in the treatments with lime only base saturation increased consistently according to the applied amounts. This increase was of 15% and reached 50% at 0-25cm depth with the amount of 6t/ha. The use of gypsum by itself changed the base saturation, regardless of depth and sampling time, but induced the movement of Mg bellow the 50cm depth. By associating lime and gypsum, there was a better distribution of Ca and Mg in all soil layers, as well as an increase in base saturation and a reduction on the exchangeable aluminum. Either lime or gypsum had equal effects in the sugar cane production. However the largest stalks productions were obtained with the association of lime and gypsum. The best combination was 4 + 2 t/ha of lime and gypsum respectively.

Index terms: sugarcane, liming, lime, phosphogypsum, soil amendment, cation movement.

INTRODUÇÃO

No Estado de São Paulo e de Mato Grosso, estima-se que 70% das áreas cultivadas mm cana-de-açúcar se encontrem em solos ácidos, com baixa disponibilidade de bases. Nessas condições, um dos fatores que têm limitado o aumento de produtividade das culturas é o pequeno volume de solo explorado pelo sistema radicular. Em solos de baixa fertilidade, no Pais, constata-se que o sistema radicular da cana-de-açúcar explora efetivamente cerca de 60cm de solo, embora existam resultados experimentais mostrando que a cana é capaz de explorar profundidades de 120 a 200cm quando não houver a presença de barreiras químicas ao crescimento de raízes (Koffler, 1986). Experimentos realizados por Ritchey et al. (1980, 1983a) têm demonstrado que é possível aumentar a profundidade de penetração de raízes, reduzindo-se essas barreiras através da aplicação de calcário e gesso.

Em experimentos em solo ácido e usando calcário em dose única e gesso em três doses crescentes, Morelli et al. (1987) obtiveram resultados comprobatórios a respeito do melhor efeito em profundidade do gesso, tanto na produção de cana-de-açúcar como na profundidade de enraizamento. Num dos ensaios, 32% das raízes estavam espalhadas nas profundidades de 50-100cm para a dose intermediária de gesso, contra 14% para o calcário.

O presente trabalho tem por objetivo testar doses crescentes de calcário e gesso e suas interações nas modificações das características químicas de um solo arenoso e ácido, bem como encontrar a melhor combinação de suas doses para a produtividade da cana-de-açúcar.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi efetuado na Usina Barra Grande, Lençóis Paulista (SP), em latossolo vermelho-escuro álico textura média. Os resultados das análises químicas iniciais do solo, amostrado em duas profundidades (0-25 e 25-50cm) antes da aplicação de calcário e gesso, encontram-se no quadro 1. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao acaso em esquema fatorial 4 x 4, com quatro doses de calcário e quatro de gesso (0, 2, 4 e 6t/ha).

O calcário e o gesso foram aplicados a lanço e incorporados com grade de 36 discos de 26 polegadas em 16/12/86. Cada parcela foi constituída de oito linhas de cana de l0m de comprimento e espaçadas de 1,l0m, tomando-se as quatro linhas centrais como úteis. No plantio, realizado em 18/2/87, com a variedade SP7O-1143, todas as parcelas receberam 39kg/ha de N, l2Okg/ha de P2O5 e l2O kg/ha de K2O. Passados oito meses do plantio, foram aplicados, em cobertura, 32kg ha de N e 40kg/ha de K2O. O calcário utilizado foi o dolomítico, com 28% de CaO, 15% de MgO e 63% de PRNT. O gesso continha 28% de CaO, 14% de enxofre e 1% de P2O5. Empregaram-se nas adubações uréia, fosfato monoamônico (MAP) e cloreto de potássio.

Quadro 1. Análise química e teor de argila do latossolo de textura média, álico, na área experimental antes da aplicação de calcário e gesso.

 

Profundidade

 

pH-H2O

M.O.

Argila

P

k

Ca

Mg

Al

CTC

V

%

ppm

meq/cm3

%

0-25

4,9

1,4

12

3

0,06

0,34

0,14

0,59

3,5

15

25-50

4,9

0,9

16

2

0,04

0,12

0,05

0,65

2,8

9

Aos 18 e 27 meses do plantio, amostras de solo, compostas de doze subamostras em cada parcela, foram analisadas, segundo as recomendações de Raij & Quaggio (1983). Aos 3 e 9 meses do plantio, efetuaram-se amostragens de folhas, segundo o método descrito por Samuels (1969) e Bataglia et al. (1983) para análises foliares dos macronutrientes; o nitrogênio, pelo método Kjeldahl, e P, K, Ca e Mg, por mineralização nitroperclórica. As colheitas foram realizadas em 7/88, 7/89, 8/90 e 9/91. Depois de cada colheita, fez-se o cultivo de soqueira usual e adubação com l00kg/ha de N (forma de uréia) e 120kg/ha de K2O. Os dados de produção dos quatro cortes foram submetidos à análise da variância com regressão polinomial. O teste usado foi o F na própria análise da variância.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Modificações químicas no perfil do solo

Os resultados demonstram que, antes da aplicação de calcário e gesso (Quadro 1) e no tratamento sem calcário e gesso, o solo possuía saturação por bases muito baixa na superfície: os valores estiveram próximos de 15%, decrescendo para níveis em tomo de 5% a 100cm de profundidade. O teor de Al que aos 18 meses estava na faixa de 0,70 meq/l00 cm3, elevou- se para próximo de 0,90 aos 27 meses até 50cm, permanecendo praticamente inalterado além dessa profundidade.

Nos tratamentos somente com calcário, a saturação por bases aos 18 meses elevou-se para 30% na dose 2t/há; 41%, na de 4t/ha, e 47%, na de 6t/ha - Quadro 2. Na mesma época, verificou-se um pequeno aumento, na faixa dos 12%, na profundidade 25-60cm para o tratamento com 2t/ha. À medida que se aumentou a dosagem do calcário, houve ligeira modificação da saturação por bases em profundidades acima dos 50cm, ficando na faixa dos 11%. Com o passar do tempo, verificou-se acentuada queda na saturação por bases para a dose de 2t/ha, caindo de 30 para 17% na superfície. Ao mesmo tempo, e com essa dosagem, houve um ligeiro aumento da saturação por bases em profundidade, passando para a faixa dos 15 e 13% nas profundidades de 25-50 e 50-75cm respectivamente.

Quadro 2. Saturação por bases e teor de Al trocável em diferentes profundidades do solo aos 18 e 27 meses após o plantio para os tratamentos com 0, 2, 4 e 6t/ha de calcário e gesso

 

 

Calcário

 

Profundi-dade

Gesso t/ha

18 meses

27 meses

18 meses

27 meses

0

2

4

6

0

2

4

6

0

2

4

6

0

2

4

6

(t/ha)

cm

Saturação por bases (%)

Al trocável ( meq/100 cm3)

 

0

0-25

16

15

19

21

9

14

16

17

0,73

0,73

0,74

0,78

0,92

0,69

0,68

0,78

25-50

7

13

15

19

8

11

15

11

0,74

0,75

0,68

0,82

0,84

0,76

0,66

0,78

50-75

7

15

16

22

7

10

15

18

0,71

0,66

0,67

0,73

0,73

0,68

0,60

0,73

75-100

7

13

17

24

24

12

16

15

0,64

0,63

0,64

0,65

0,68

0,62

0,54

0,67

100-125

5

11

16

20

4

12

18

17

0,67

0,64

0,66

0,64

0,71

0,59

0,53

0,64

 

2

0-25

30

27

36

27

17

28

33

29

0,38

0,46

0,34

0,43

0,42

0,39

0,28

0,41

25-50

12

22

28

21

15

14

18

18

0,68

0,58

0,57

0,68

0,62

0,59

0,57

0,66

50-75

8

19

26

25

13

17

15

14

0,69

0,62

0,57

0,64

0,60

0,70

0,64

0,71

75-100

8

16

23

24

8

15

19

18

0,63

0,62

0,57

0,59

0,62

0,55

0,54

0,61

100-125

6

13

17

25

9

11

18

21

0,61

0,63

0,57

0,58

0,60

0,56

0,50

0,57

 

4

0-25

41

34

46

46

39

43

44

41

0,17

0,38

0,17

0,15

0,21

0,24

0,12

0,16

25-50

12

19

26

24

16

24

27

22

0,66

0,70

0,50

0,68

0,57

0,44

0,42

0,49

50-75

12

20

23

24

8

14

17

15

0,65

0,60

0,56

0,65

0,62

0,62

0,54

0,66

75-100

10

15

25

25

9

20

21

18

0,21

0,58

0,57

0,59

0,61

0,45

0,50

0,60

100-125

11

17

18

26

8

17

19

23

0,61

0,65

0,61

0,61

0,59

0,60

0,54

0,54

 

6

0-25

47

57

45

55

52

58

44

59

0,13

0,06

0,15

0,07

0,11

0,05

0,14

0,05

25-50

11

25

21

27

23

28

22

32

0,68

0,56

0,67

0,52

0,45

0,30

0,44

0,35

50-75

9

22

25

25

13

16

14

20

0,65

0,54

0,59

0,56

0,62

0,68

0,54

0,57

75-100

11

22

24

32

12

17

18

22

0,58

0,46

0,53

0,50

0,57

0,50

0,47

0,50

100-125

13

16

18

34

10

15

15

23

0,55

0,50

0,54

0,54

0,60

0,48

0,49

0,46

Com o aumento da dose de calcário para 4t/ha, a tendência da saturação por bases foi a mesma que na dose de 2t/ha, caindo de 41 para 39% na superfície e aumentando de 12 para 16% a 25-50cm de profundidade. Na dose máxima, o calcário, aos 27 meses, passou de 47 para 52% na superfície. Tal reação se prolongou também na subsuperfície, principalmente nas camadas 25-50 e 50-75cm, onde a saturação passou de 11 para 23 e 9 para 13% respectivamente.

A recomendação de calcário utilizando a saturação por bases para 60% (Raij et al., 1985) indica uma quantidade de calcário de 2,4t/ha, de acordo com a análise do solo antes da instalação do experimento. Observa-se que, mesmo nas doses mais elevadas, a saturação por bases não atingiu 60%: com 6t/ha, ficou na faixa dos 52% após 27 meses de reação do calcário.

Em relação ao teor de Al - Quadro 2- as reduções foram proporcionais aos aumentos das doses de calcário: seu teor passou de 0,73, na testemunha, para 0,38, 0,17 e 0,13 meq/l00cm3 nas doses de 2, 4 e 6t/ha de calcário respectivamente. Na faixa de 25-50cm, houve pequena redução de Al pela ação do calcário. Nas demais profundidades, praticamente não houve nenhuma alteração.

Em relação ao Ca e ao Mg - Quadro 3 - e com a aplicação do calcário, houve sensível enriquecimento tanto na superfície como na camada 25-50cm. Aos 27 meses, ainda continuou o enriquecimento em Ca e Mg, proporcional às doses empregadas, porém com efeito principalmente até a 2ª camada. As alterações do pH-CaCl2 também seguem as mesmas tendências das bases. Em 2t/ha de calcário, praticamente não houve mais reação aos 27 meses, ficando o pH em 4,4. Com o aumento das doses de calcário, ainda se verificou aumento do pH com o tempo, proporcional às doses. Em 6,0t/ha, o pH passou de 4,5, aos 18 meses, para 5,2 aos 27 meses. A alteração do pH também se processou na 2ª camada, mas somente para a dose máxima de calcário.

Quadro 3. Teores de Ca e Mg trocáveis do solo em diferentes profundidades aos 18 e 27 meses após o plantio para os tratamentos com 0, 2, 4 e 6t/ha de calcário e gesso

 

 

Calcário

 

Profundi-dade

Gesso t/ha

18 meses

27 meses

18 meses

27 meses

0

2

4

6

0

2

4

6

0

2

4

6

0

2

4

6

(t/ha)

cm

Ca trocável ( meq/100 cm3)

Mg trocável ( meq/100 cm3)

 

0

0-25

0,40

0,56

0,77

1,12

0,35

0,54

0,73

0,79

0,17

0,07

0,06

0,06

0,09

0,07

0,07

0,08

25-50

0,17

0,34

0,50

0,69

0,20

0,29

0,43

0,49

0,06

0,05

0,05

0,05

0,05

0,05

0,05

0,06

50-75

0,13

0,32

0,38

0,67

0,11

0,22

0,36

0,46

0,06

0,08

0,06

0,08

0,05

0,06

0,05

0,25

75-100

0,10

0,23

0,35

0,60

0,08

0,25

0,35

0,43

0,03

0,09

0,08

0,14

0,05

0,06

0,05

0,08

100-125

0,08

0,19

0,30

0,42

0,06

0,21

0,37

0,44

0,02

0,08

0,13

0,13

0,05

0,06

0,06

0,07

 

2

0-25

0,71

0,89

1,30

1,79

0,74

0,95

1,21

1,33

0,42

0,26

0,36

0,20

0,40

0,29

0,27

0,17

25-50

0,22

0,53

0,80

0,69

0,32

0,36

0,51

0,57

0,09

0,17

0,22

0,09

0,16

0,11

0,10

0,07

50-75

0,13

0,38

0,59

0,70

0,22

0,34

0,32

0,35

0,06

0,16

0,19

0,12

0,09

0,09

0,07

0,05

75-100

0,12

0,31

0,48

0,64

0,12

0,27

0,42

0,42

0,05

0,14

0,17

0,14

0,06

0,10

0,09

0,05

100-125

0,07

0,19

0,32

0,57

0,09

0,18

0,39

0,51

0,04

0,08

0,12

0,17

0,05

0,07

0,10

0,07

 

4

0-25

1,06

1,26

1,85

2,03

1,10

1,43

1,62

1,54

0,74

0,47

0,50

0,36

0,70

0,59

0,44

0,32

25-50

0,26

0,49

0,69

0,71

0,35

0,59

0,72

0,66

0,13

0,17

0,22

0,13

0,20

0,24

0,19

0,13

50-75

0,19

0,42

0,47

0,61

0,14

0,24

0,40

0,38

0,10

0,19

0,16

0,15

0,07

0,08

0,10

0,07

75-100

0,16

0,25

0,49

0,57

0,14

0,37

0,45

0,42

0,09

0,16

0,21

0,20

0,07

0,14

0,11

0,08

100-125

0,15

0,29

0,31

0,50

0,11

0,31

0,36

0,53

0,08

0,14

0,17

0,24

0,06

0,13

0,11

0,11

 

6

0-25

1,23

1,71

1,57

2,05

1,30

1,64

1,44

2,34

0,89

0,87

0,53

0,56

0,93

0,87

0,56

0,61

25-50

0,22

0,55

0,58

0,75

0,44

0,63

0,55

0,95

0,13

0,21

0,19

0,19

0,28

0,32

0,21

0,21

50-75

0,13

0,44

0,60

0,59

0,20

0,31

0,29

0,52

0,07

0,22

0,22

0,19

0,11

0,13

0,09

0,11

75-100

0,14

0,36

0,47

0,68

0,16

0,26

0,33

0,50

0,08

0,23

0,23

0,31

0,08

0,10

0,13

0,12

100-125

0,18

0,23

0,30

0,62

0,14

0,24

0,26

0,51

0,10

0,15

0,18

0,38

0,07

0,11

0,11

0,14

O uso isolado do gesso não modificou a acidez do solo conforme se verifica nos teores de Al trocável (Quadro 2) e nos valores de pH-CaCl2 (Quadro 4), concordando mm a afirmação de Raij (1988) de que o gesso não é corretivo de acidez.

O gesso isoladamente não causou alterações no teor de Al trocável até os 18 meses, nem mesmo na dose de 6t/ha, contrariando, assim, os resultados de outros autores, como Pavan et al. (1984), Nogueira (1985), Pavan & Bingham (1986) e Farina & Channon (1988).

Quanto ao Ca e Mg, as alterações provocadas pelo gesso foram bastante evidentes - Quadro 3. Aos 18 meses, com a elevação das doses, houve aumento gradativo do teor de Ca tanto na superfície como nas demais camadas até na de 100-125cm. Nesta profundidade, o teor de Ca para a dose 6t/ha de gesso é de 0,42 contra 0,40 meq/l00cm3 da testemunha na superfície (0-25cm). Por outro lado, e ao contrário do calcário, o empobrecimento na superfície causado pelo gesso é mais evidente. Assim, aos 27 meses, já houve uma queda visível no teor de Ca na superfície, queda esta maior (em torno de 50%) na dose de 6t/ha de gesso. Em relação ao Mg, o uso do gesso isoladamente provocou sensível lixiviação profunda, mesmo nas doses de 2t/ha de gesso. Aos 18 meses o teor de Mg na superfície para as doses 4 e 6t/ha era de 0,06 meq/l00cm3 contra 0,17 meq/ l00cm3 da testemunha. O teor de Mg passou para 0,13 meq/ l00cm3 na profundidade de 100-125cm . Aos 27 meses, o teor de Mg, nessa profundidade, reduziu-se para 0,06 meq/l00cm3, indicando, assim, o efeito acentuadamente maléfico do gesso quando usado isoladamente, efeito esse já salientado por outros pesquisadores, entre eles Reeve & Summer (1972) e Ritchey et al. (1980).

A redistribuição das bases está intimamente associada ao teor de SO4 (Quadro 3) oriundo do gesso. O mesmo raciocínio se aplica à saturação por bases (Quadro 2), que segue a redistribuição do Ca e Mg. O aumento da saturação por bases, motivado pelo uso do gesso, é mais atribuído a uma concentração de Ca, uma vez que o gesso não altera o pH e, consequentemente, a CTC efetiva. Comparando-se com o calcário, essa característica se altera mais rapidamente em profundidade com o uso do gesso. Entretanto, os valores atingidos da saturação por bases quando se usa o gesso são bem menores quando comparado ao calcário. Na superfície e na dose de 6t/ha de gesso, o V% foi de 21 contra 55 para a mesma dose do calcário (Quadro 2).

Por outro lado, quando se utiliza o calcário associado com o gesso, há profundas alterações nas características químicas estudadas com um enriquecimento seguro por bases, principalmente Mg. Observando-se a combinação calcário e gesso (4+2), aos 27 meses, nota-se que, em relação à testemunha, houve sensível melhora nos teores do Mg. O mesmo se aplica para a combinação 6+2. Na proporção 2+2, aparentemente não houve Mg suficiente do calcário para ser redistribuído no solo através do gesso. Aparentemente, a associação calcário-gesso propiciou maior redução do Al trocável quando comparado com o calcário somente. Na combinação 6t/ha de calcário com 2, 4 e 6t/ha de gesso (Quadro 2), o teor de Al trocável é menor nas associações tanto na superfície como na camada 25-50cm de profundidade aos 18 e 27 meses. O pH-CaCl2 acompanha a mesma tendência (Quadro 4).

Produção de cana

Os dados de produção - Quadro 5-indicam efeitos positivos para o uso isolado, quer do calcário, quer da sua combinação com o gesso. No caso específico do calcário e para os quatro cortes, a melhor resposta esteve sempre na faixa de 3,2t/ha, acima, portanto, da dose recomendada de 2,4t/ha para cana-de-açúcar pelo sistema IAC (Raij et al., 1985), calculado através dos dados analíticos do quadro 1. Na produção acumulada dos quatro cortes, a dose de 4t/ha de calcário propiciou um aumento de 56t/ha de colmos de cana-de-açúcar, praticamente um corte adicional se considerar-se a produção de 55t/ha como sendo limite para reformas em áreas de baixa fertilidade nas usinas e destilarias.

Por sua vez, as doses crescentes de gesso têm proporcionado também aumento na produtividade, com valores praticamente semelhantes ao do calcário (Quadro 5). As doses de 2, 4 e 6t/ha de gesso produziram praticamente a mesma quantidade de cana do que as doses crescentes de calcário para os quatro cortes. A única exceção corresponde ao quarto corte, na dose de 2t/ha de gesso, com 100t/ha, contra 110,2t/ha de cana para as 2t/ha de calcário. Na soma total da produção de cana, as doses de gesso proporcionaram uma quantidade de 1.314t contra 1.327t de cana para o calcário, não havendo praticamente diferença entre eles.

A combinação das doses de calcário com as de gesso, independentemente da proporção, tem produzido sempre mais cana em todos os cortes. O maior acréscimo de produção atingido (Quadro 7), quando se observa o efeito isolado do calcário ou do gesso, foi da dose de 4t/ha do calcário, com 55t/ha de cana. Nas combinações das doses de ambos, independentemente da proporção, sempre houve maior produção. O valor mínimo foi de 59t/ha (para a relação 6+4 de calcário e gesso respectivamente) contra um máximo de 90t/ha (para a relação 4+2). Pelos dados de produção (Quadro 5) verifica-se que a proporção 4+2t/ha de calcário e gesso respectivamente indica excelentes produções ao longo dos quatro cortes. Na soma geral (Quadro 7), essa combinação aparece com um valor mínimo de 90t/ha, com um segundo lugar de 77t/ha da combinação de 6+6. Em relação à produção máxima de cana obtida somente com o calcário (55t/ba) na dose de 4t/ha, o incremento de 85t/ha da proporção 4+2 (90t/ha) de calcário e gesso respectivamente é expressivo.

Quadro 4. Valor de pH e teor de SO4-2 em diferentes profundidades do solo para os tratamentos com 0, 2, 4 e 6t/ha de calcário e gesso aos 18 e 27 meses após o plantio.

 

 

Calcário

 

Profundi-dade

Gesso t/ha

18 meses

27 meses

18 meses

27 meses

0

2

4

6

0

2

4

6

0

2

4

6

0

2

4

6

(t/ha)

cm

pH-CaCl2

SO4-2 ppm

 

0

0-25

4,0

4,1

4,1

4,0

3,9

4,1

4,1

4,1

9

17

52

84

12

21

10

31

25-50

4,0

4,0

4,1

4,0

4,0

4,1

4,1

4,1

9

41

61

84

14

22

25

42

50-75

4,0

4,1

4,1

4,0

4,1

4,1

4,1

4,1

8

47

57

105

12

32

39

54

75-100

4,1

4,1

4,1

4,0

4,0

4,2

4,1

4,1

11

43

61

116

11

35

49

66

100-125

4,3

4,1

4,1

4,1

4,1

4,2

4,1

4,1

9

25

50

69

11

28

51

70

 

2

0-25

4,4

4,3

4,4

4,1

4,4

4,4

4,6

4,4

11

19

46

107

8

8

19

33

25-50

4,0

4,2

4,2

4,1

4,1

4,2

4,2

4,1

17

36

72

74

13

21

27

39

50-75

4,0

4,1

4,1

4,1

4,1

4,1

4,1

4,1

11

51

75

90

14

31

55

60

75-100

4,1

4,1

4,1

4,1

4,1

4,1

4,2

4,2

9

42

45

65

14

36

64

70

100-125

4,1

4,1

4,1

4,1

4,2

4,1

4,2

4,2

9

16

20

98

12

14

52

79

 

4

0-25

4,6

4,4

4,4

4,7

4,7

4,8

4,9

4,7

11

42

67

91

18

19

26

34

25-50

4,1

4,1

4,2

4,1

4,2

4,3

4,3

4,2

14

68

64

110

11

23

31

37

50-75

4,1

4,1

4,1

4,1

4,1

4,2

4,2

4,1

15

49

71

112

11

38

46

55

75-100

4,1

4,1

4,1

4,2

4,1

4,3

4,2

4,1

11

37

87

114

8

33

56

67

100-125

4,0

4,0

4,1

4,2

4,1

4,5

4,2

4,2

9

18

55

100

13

27

52

75

 

6

0-25

4,5

5,0

4,8

5,0

5,2

5,3

4,8

5,3

11

15

30

60

5

8

16

45

25-50

4,3

4,8

4,2

4,2

4,3

4,5

4,2

4,5

13

39

63

72

12

24

26

47

50-75

4,0

4,2

4,2

4,2

4,1

4,2

4,1

4,2

15

68

85

88

13

38

36

58

75-100

4,1

4,2

4,2

4,2

4,1

4,3

4,2

4,3

11

46

85

128

15

30

37

75

100-125

4,1

4,2

4,2

4,3

4,1

4,5

4,2

4,3

11

20

57

114

12

21

30

75

Como se viu, o uso do calcário proporcionou modificações químicas acentuadas, principalmente na camada superficial do solo, e ligeiras na segunda (25-50cm), sobretudo para as doses de 4 e 6t/ha.

Por sua vez, a ação isolada do gesso proporcionou sensíveis modificações em profundidade, no que se refere ao Ca e ao SO4. Entretanto, a ação isolada deste produto motivou acentuado empobrecimento no teor de Mg, em todo o perfil do solo. Os dados de produção de cana indicaram, ao longo dos quatro cortes, valores semelhantes para os dois produtos, porém sempre inferiores a qualquer combinação calcário-gesso. As modificações químicas proporcionadas pela associação de ambos foram sempre melhores que isolados, refletindo-se positivamente na produtividade agrícola. Tal resultado vem comprovar que o calcário associado ao gesso é uma combinação que se deve considerar no manejo dos solos ácidos. A análise estatística mostrou significância para as doses de calcário e de gesso para todos os cortes. Por sua vez, não houve significância para as interações As equações quadráticas, assim como os valores de r para calcário e gesso nos quatro cortes e na média, encontram-se no quadro 6.

Segundo as equações, a dose de calcário para produção máxima foi de 4,1t/ha, superior a que seria recomendada pela fórmula do IAC (2,4t/ha) e, a do gesso, de 4,6t/ha. Como a cana-de-açúcar é uma cultura semiperene, o corretivo     deve ser colocado visando também à longevidade, e não só ao primeiro corte.

Quadro 5. Produção de colmos de cana-de-açúcar (t/ha), de acordo com as doses (t/ha) de calcário e gesso adicionadas ao LEa distrófico de Lençóis Paulista

 

Calcário

Gesso (t/ha)

 

Média

0

2

4

6

 

1º corte

 

0

121,8

128,9

129,8

130,7

127,8

2

128,8

131,5

140,4

133,1

133,4

4

130,0

139,9

133,5

135,2

134,7

6

126,2

128,6

130,7

126,8

128,1

Média

126,7

132,2

133,6

131,5

 

 

2º corte

 

0

98,3

103,0

109,6

109,1

105,0

2

107,9

109,9

116,0

111,6

111,4

4

110,4

119,0

118,7

129,2

119,3

6

106,0

111,0

109,7

117,2

111,0

Média

105,6

110,7

113,5

116,8

 

 

3º corte

 

0

88,0

93,2

96,2

96,6

93,5

2

94,1

98,3

99,9

95,4

96,9

4

97,0

100,8

102,5

94,6

98,7

6

96,0

104,7

96,5

103,3

100,1

Média

93,7

99,2

98,8

97,5

 

 

4º corte

 

0

88,1

100,1

110,1

111,5

102,4

2

110,2

116,3

112,7

117,6

114,2

4

113,2

125,8

116,0

114,0

117,2

6

112,8

125,2

117,7

126,1

120,4

Média

106,1

116,8

114,1

117,3

 

 Quadro 6. Equações quadráticas para produção dos quatro cortes de cana e equação média dos cortes (y) em função de doses de calcário e gesso (x)

Material

Categoria Cana

Equação quadrática

r2

 

Calcário

1º corte

y = 127,63 + 4,69x - 0,76x2

0,99

2º corte

y = 104,10 + 6,81x - 0,92x2

0,85

3º corte

y = 93,52 + 1,89x - 0,24x2

0,99

4º corte

y = 102,91 + 5,98x - 0,51x2

0,98

Média

y = 107,04 + 4,85x - 0,58x2

0,99

 

Gesso

1º corte

y = 126,72 + 3,67x - 0,48x2

0,99

2º corte

y = 105,78 + 2,46x - 0,31x2

0,99

3º corte

Y = 93,93 + 3,12x - 0,43x2

0,93

4º corte

y = 107,80 + 3,47x - 0,32x2

0,72

Média

y = 108,37 + 3,41x - 0,37x2

0,93

r2 = coeficiente de determinação.

O custo dos tratamentos com valores transformados em toneladas de cana/hectare - Quadro 7- revela que o acréscimo de produção ao longo dos cortes foi mais do que suficiente para seu pagamento. A grande maioria dos tratamentos foi paga logo no 1º corte. Para o tratamento 4+2 (calcário e gesso respectivamente), de elevada produção agrícola, o custo, 13,2t/ha, foi pago logo no 1º corte, cujo acréscimo foi de 18/ha.

Quadro 7. Acréscimos de produção de cana em quatro cortes do experimento com calcário e gesso em solo arenoso e custo dos tratamentos com os valores transformados em tonelada de cana por hectare(1)

Tratamentos

 

1º corte

 

2º corte

 

3º corte

 

4º corte

 

Total

 

Custo

 

Calcário

Gesso

1

0

0

-

-

-

-

-

-

2

0

2

7

5

5

12

29

3,3

3

0

4

8

12

8

22

50

5,1

4

0

6

9

11

9

23

52

6,9

5

2

0

7

10

6

22

45

5,7

6

2

2

9

12

10

28

59

8,9

7

2

4

18

18

12

25

73

10,8

8

2

6

11

14

7

30

62

12,6

9

4

0

8

13

9

25

55

9,9

10

4

2

18

21

13

38

90

13,2

11

4

4

11

21

14

28

74

15,0

12

4

6

13

31

7

26

77

16,8

13

6

0

4

8

8

25

45

14,2

14

6

2

7

13

17

37

74

17,4

15

6

4

9

9

8

30

69

19,2

16

6

6

5

19

15

38

77

21,1

(1)

Preço t cana = Cr$9.727,02; Preço t calcário + frete = Cr$20.643,72; Preço t gesso +frete= Cr$8.947,45; Custo aplicação = Cr$13571,424ha (calcário ou gesso)

CONCLUSÕES

1. Tanto o calcário como o gesso proporcionaram aumentas nos teores de Ca e na saturação por bases no perfil, porém os efeitos do gesso em profundidade foram mais pronunciados. O gesso aplicado isoladamente causou considerável lixiviação de Mg. Com a associação calcário-gesso, houve melhor distribuição do Ca e do Mg no perfil e aumento mais pronunciado na saturação por bases.

2. Os dados de produção de cana indicaram, ao longo dos quatro cortes, valores semelhantes para o calcário e para o gesso isoladamente, sendo as maiores produções obtidas com a associação calcário-gesso, refletindo as melhores condições químicas do solo.

3. Uma das melhores combinações de calcário e gesso (4+2t/ha respectivamente) teve um custo correspondente a 13,2t/ha de cana perfeitamente coberto pelo acréscimo de produtividade de 18t/ha, logo no primeiro corte.

(1)- Recebido para publicação em janeiro de 1990 e aprovado em abril d. 1992.

(2)- Engenheiro Agrônomo da Usina Barra Grande de Lençóis S/A, Caixa Postal 356, CEP 18680-900 Lençóis Paulista (SP).

(3)- Professor Titular do Departamento d. Ciência do Solo da ESALOJU8P, CEP 13418-900 Piracicaba (SP).

Publicado originalmente na Revista Brasileira de Ciência do Solo, Campinas, 16:187-194, 1992.

LITERATURA CITADA

BATAGLIA, O.C.; FURLANI, A.M.C.; TEIXEIRA, J.P.F.; FURLANI, P.R. & GALLO, J.R. - Métodos de análise química das plantas. Campinas, Instituto Agronômico, 1983. 48p. (Boletim técnico, 78)

FARINA, M.D.W. & CHANNON, P. - Acid subsoil amelioration. II. Gypsum effects on the subsoil chemical properties. Soil Sci. Soc. Am. J., Madison, 52:175-180, 1988.

KOFFLER, N.F. - A profundidade do sistema radicular e o suprimento de água às plantas no cerrado. Piracicaba, Potafós, 1986. 12p. (Informações Agronômicas, 33)

MORELLI, S.L.; DEMATTÊ, J.L.I. & DALBEN, A.E. - Efeito do gesso e do calcário nas propriedades química, dos solos arenosos álicos e na produção de cana-de-açúcar STAB, Piracicaba, 6(2):24-31, 1987.

NOGUEIRA, A.R. - Caracterização físico-química dos efeitos de tratamentos com calcário e gesso em algum solos de cerrado do Estado de São Paulo. São Carlos, USP, 1985. 106p. (Tese de Mestrado)

PAVAM, M.A. & BINGHAM, F.T. - Effects of phosphogpsum and lime on yield, root density, and fruit and foliar composition of apple in Brasilian Oxisols. In: INTERNATIONAL SYMPOSIUM OF PHOSPHOGYPSUM, 2., 1986. p.51-58.(Condensed papers)

PAVAN, M.A.; BINGRAM, F.T. & PRATT, P.F. Redistribution of excbangeable calcium, magnesium and aluminium following lime or gypsum applications to a Brazilian oxisol. Soil Sci. Soc. Am. J., Madison, 48(1):33-38, 1984.

RAIJ, B. van. - Gesso agrícola na melhoria do ambiente radicular no subsolo. São Paulo, ANDA, 1988. 88p.

RAIJ, B. van; SILVA, N.M.; BATAGLIA, O.C.; QUAGGIO, J.A.; HIROCE, R.; CANTARELLA, H,; BELLINAZZI JR., R..;DECHEN, A.R. & TEANI, P.E. - Recomendações de adubação e calagem para o Estado de São Paulo. Campinas, Instituto Agronômico, 1985. 107p. (Boletim técnico, 100)

RAIJ, B. van & QUAGGIO, J.A. - Métodos de análise de solo para fins de fertilidade. Campinas, Instituto Agronômico, 1983. 31p. (Boletim técnico, 81)

REEVE, N.G. & SUMMER, M.E. - Amelioration of subsoil acidity in Natal oxisoils leaching of surface-applied amendments. Agochemopbysica, Pretoria, 4:1-6, 1972.

RITCHEY, K. D.; SILVA, J.E.; & SOUZA, D.M.G. - Relação entre o teor de cálcio no solo e o desenvolvimento das raízes avaliado por um método biológico. R. Bras. Ci. Solo, Campinas, 7:269-275, 1983..

RITCHEY K.D.; SOUZA, D.M.G.; LOBATO, E. & CORREIA, O. - Calcium leaching to incresase rooting depth in a Brazilian Savana Oxisol. Agron. J., Madison, 72:40-44,1980.

RITCHEY, K.D.; SOUZA, D.M.G. & SILVA, J.E. - Strategies for increasing calcium in low-cec subsoil. In: ANNUAL MEETINGS, 75., Washington, 1983. Agronomy Abstracts, Washington, Washington American Society of Agronomy, 1983b. 202p.

SAMUELS, G. - Foliar diagmosis for sugar cane. Chicago, Adam Press, 1969. 352p.