XXVII
REUNIÃO DE PESQUISA DE SOJA DA REGIÃO SUL - 27 a 29 de Julho de 1999
CHAPECÓ - SC
Fonte: Embrapa
2. ADUBAÇÃO E CALAGEM
2.1. Introdução
As recomendações de adubação e de
calagem baseiam-se em resultados da análise de solo. Informações adicionais às
aqui apresentadas podem ser obtidas no boletim "Recomendações de Adubação
e de Calagem para os Estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina", 3ª
edição, de 1995.
2.2. Amostragem de solo
O primeiro passo para a correta
amostragem de solo reside na definição do plano de amostragem e, por
conseqüência, na determinação do número de amostras a coletar. As
características locais da lavoura, como topografia, cor e profundidade do solo,
uso anterior da área, manejo da fertilidade do solo, incluindo tipos,
quantidades de adubos e de corretivos aplicados etc., irão determinar o número
de glebas distintas a serem amostradas e o número de subamostras por amostra.
A segunda etapa é a de amostragem
de solo propriamente dita. O equipamento a usar depende das condições locais.
Entre os equipamentos existentes, incluem-se o trado de rosca, o trado
holandês, o calador e a pá-de-corte. O trado holandês apresenta, em geral, boa
performance, não sendo muito influenciado pelo teor de umidade e pela textura
do solo, como é o caso do calador e do trado de rosca. O trado de rosca requer
um número maior de subamostras em solo onde foi aplicado adubo em linha e que
não foi revolvido. Neste caso, a pá-de-corte é a melhor opção, devendo
proceder-se à abertura de uma cunha no solo, com largura correspondente à do
espaçamento entre as linhas, centralizando-a a partir da linha de localização
do fertilizante. Quanto aos demais cuidados relativos à profundidade de
amostragem, bem como à homogeneização, à pré-secagem à sombra, à embalagem da
amostra, ao preenchimento do formulário e ao envio do material ao laboratório,
recomenda-se seguir as indicações de praxe.
Com relação ao número de
subamostras por amostra de solo, sugere-se, como regra geral, a coleta de pelo
menos vinte subamostras. O número de subamostras e o total de amostras de solo
a coletar dependem, no entanto, das condições particulares do local.
Na fase de implantação do sistema
plantio direto, geralmente até aos 5 anos (ou a critério da assistência
técnica), a amostragem deve ser feita na profundidade de 0 - 20cm. Após esta
fase, a amostragem deve ser feita na profundidade de 0 - 10cm.
2.3. Calagem
As recomendações de calagem variam
conforme a meta do pH do solo a atingir e dependem, diretamente, das
características particulares de cada cultivo ou da condição de manejo à qual o
solo está submetido. A quantidade de calcário a ser usada varia conforme o
índice SMP. Recomenda-se o emprego das indicações de calagem para o solo
atingir pH em água igual a 6,0 (Tabela 2.3.1.1.). Condições de pH do solo ao
redor de 6,0 favorecem o desenvolvimento da simbiose rizóbio-planta e
proporcionam, em geral, os máximos rendimentos da cultura. Porém, para a
Unidade de Mapeamento Pelotas, as informações existentes permitem indicar o uso
do índice SMP para o solo atingir pH em água igual a 5,5. No caso de se optar
pelo uso de calcário na linha, ou quando se tratar do sistema plantio direto,
sugere-se observar as recomendações específicas da prática.
Tabela 2.3.1.1. - Recomendações de
calcário (PRNT 100%) em função do índice SMP para a correção da acidez dos
solos do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, visando a elevar o pH do solo
em água para 5,5 ou 6,0.
Índice SMP |
Calcário para |
Índice SMP |
Calcário para |
||
pH 5,5 |
pH 6,0 |
pH 5,5 |
pH 6,0 |
||
--------- t/ha --------- |
--------- t/ha --------- |
||||
≤ 4,4 |
15,0 |
21,0 |
5,7 |
2,8 |
4,8 |
4,5 |
12,5 |
17,3 |
5,8 |
2,3 |
4,2 |
4,6 |
10,9 |
15,1 |
5,9 |
2,0 |
3,7 |
4,7 |
9,6 |
13,3 |
6,0 |
1,6 |
3,2 |
4,8 |
8,5 |
11,9 |
6,1 |
1,3 |
2,7 |
4,9 |
7,7 |
10,7 |
6,2 |
1,0 |
2,2 |
5,0 |
6,6 |
9,9 |
6,3 |
0,8 |
1,8 |
5,1 |
6,0 |
9,1 |
6,4 |
0,6 |
1,4 |
5,2 |
5,3 |
8,3 |
6,5 |
0,4 |
1,1 |
5,3 |
4,8 |
7,5 |
6,6 |
0,2 |
0,8 |
5,4 |
4,2 |
6,8 |
6,7 |
0,0 |
0,5 |
5,5 |
3,7 |
6,1 |
6,8 |
0,0 |
0,3 |
5,6 |
3,2 |
5,4 |
6,9 |
0,0 |
0,2 |
2.3.1. Cálculo da quantidade de
calcário a aplicar
As quantidades de calcário
indicadas na Tabela 2.3.1.1. referem-se a corretivos com PRNT (Poder Relativo
de Neutralização Total) de 100%. Isso significa que as quantidades totais a
aplicar devem ser calculadas em função do PRNT do calcário disponível.
Sugere-se, também, que seja dada preferência ao calcário dolomítico, por este
possuir magnésio em sua composição, evitando-se, assim, riscos de deficiência
desse nutriente.
Em algumas situações,
principalmente em solos arenosos, o índice SMP pode não indicar necessidade de
calagem, embora o pH em água esteja em nível inferior ao desejado. Nesses
casos, pode-se estabelecer a recomendação com base nos teores de alumínio
trocável (Al) e de matéria orgânica (MO) do solo, empregando-se a seguinte
equação:
NC
= -0,516 + 0,805 MO + 2,435 Al,
correspondendo NC à necessidade de
calagem em t/ha, MO, ao teor de matéria orgânica do solo, em %, e Al, ao teor
de alumínio trocável do solo, em cmolc/L.
Para solos que já receberam
calcário e quando a análise de solo indicar ausência de Al e saturação em bases
superior a 60%, a aplicação de corretivo, nas doses indicadas pelo índice SMP,
pode não proporcionar aumento no rendimento da cultura.
2.3.2. Calagem em solo sob
cultivo convencional
No sistema de plantio
convencional, o calcário deve ser distribuído a lanço e incorporado
uniformemente ao solo, até uma profundidade de 17 cm a 20 cm. O contato íntimo
das partículas do corretivo com o solo é condição fundamental para a dissolução
do material.
Reaplicação de calcário
As quantidades de calcário
indicadas na Tabela 2.3.1.1. proporcionam um efeito residual médio de cinco
anos, dependendo de fatores como o manejo de solo, culturas, erosão e outros.
Após esse período, recomenda-se realizar nova análise de solo para a
quantificação da dose necessária.
Embora o sistema de recomendação
considere a calagem total, ou seja, a aplicação de uma dose única para um
período de 5 anos, o parcelamento (doses menores, reaplicadas com maior
(freqüência), deve totalizar, no máximo, a quantidade de corretivo recomendada
para esse período. Dessa forma, os riscos de uma supercalagem são minimizados.
No entanto, não há ganhos econômicos com a aplicação parcelada de calcário.
Calcário na linha
Essa prática consiste na
aplicação, na linha de semeadura, de pequenas quantidades de calcário (200 a
300 kg/ha) finamente moído (filler) ou de concha marinha. Ela constitui uma
alternativa para a cultura de soja, devendo-se observar as seguintes
especificações técnicas:
2.3.3. Calagem no sistema
plantio direto
Preferencialmente, antes de
iniciar o sistema plantio direto em áreas sob cultivo convencional,
recomenda-se corrigir integralmente a acidez de solo, sendo esta etapa
fundamental para a adequação do solo a esse sistema. O corretivo deve ser
incorporado, uniformemente, na camada arável do solo, ou seja, até 20 cm de profundidade.
Na implementação do sistema
plantio direto em solos de campo nativo ou em pousio, sem o revolvimento
inicial, resultados de pesquisa com a cultura de soja indicam que a aplicação
de corretivo a lanço, na superfície, ou em doses menores, na linha de
semeadura, propicia aumentos de rendimento. A eficiência das práticas depende
do tipo de solo (textura), da intensidade dos fatores da acidez de solo, da
disponibilidade de nutrientes e das condições climáticas.
Para solos em que o sistema
plantio direto já foi iniciado e que ainda não receberam calcário na
superfície, a necessidade de calagem deve ser determinada com base na análise
de solo de amostras coletadas na camada de 0 a 20 cm. A aplicação deve ser
feita quando o pH em água for menor que 6 ou quando a saturação em bases for
menor que 60%. A dose recomendada é de ¼ da quantidade indicada pelo método SMP
para pH em água igual a 6 (Tabela 2.3.1.1.)
Para solos sob sistema plantio
direto que já receberam calcário na superfície, a amostragem do solo deve ser
realizada de 0 a 10 cm de profundidade, devendo-se aplicar ¼ da quantidade de
calcário recomendada pelo método SMP para pH em água 6, quando a saturação em
bases for menor do que 60% e/ou o pH em água for menor do que 5,5. Após 3 anos,
o solo deve ser reamostrado na profundidade de 0 a 10 cm.
No caso de solos sob campo nativo,
a dose de calcário pode variar de ¼ a ½ SMP, preferindo-se ½ SMP para solos com
alto teor de argila (> 55 %).
Em qualquer dos casos, o calcário
deve ser aplicado pelo menos 6 meses antes do plantio de soja.
Para a aplicação de calcário
finamente moído (filler) ou de concha marinha em linha, sugere-se as
quantidades de 200 a 300 kg/ha, para solos já cultivados sob plantio direto, e
200 a 400 kg/ha, para solos de campo nativo.
2.4. Adubação
As quantidades de fertilizantes
fosfatados e potássicos a aplicar variam em função dos teores desses nutrientes
no solo. As doses recomendadas foram calculadas em função da resposta da
cultura à adubação, visando à meta do máximo retorno por área, a curto prazo,
ou seja, por cultivo, para um período de três cultivos sucessivos. Após o
período mencionado, há necessidade de se proceder a uma nova amostragem de
solo, para reavaliar a necessidade de adubação.
O sistema de recomendação pressupõe
que os demais fatores que influenciam a produção da cultura estejam em níveis
satisfatórios, estando incluídas, nesse contexto, as demais práticas de manejo
da cultura preconizadas pela pesquisa. Isso implica, em grande parte das
situações, a necessidade de ajustamento das recomendações, pela assistência
técnica, visando ao enquadramento à situação local do produtor. Por essas
razões, as recomendações constituem um referencial a ser atingido, pois
apresentam a quantidade ajustada para o máximo retorno econômico.
2.4.1. Nitrogênio
Não se recomenda a aplicação de
adubo nitrogenado para a cultura de soja. As necessidades de N da planta são
supridas pelo N do solo e pela simbiose com o rizóbio específico aplicado via
inoculação das sementes ou já estabelecido no solo. A aplicação de N aumenta os
custos, inibe a fixação simbiótica de N e não aumenta o rendimento.
Os inoculantes contêm duas das
estirpes de Bradyrhizobium japonicum e B. elkanii
atualmente recomendadas: SEMIA 587, SEMIA 5019, SEMIA 5079 e SEMIA 5080.
Para que a fixação simbiótica de
nitrogênio seja favorecida, há a necessidade de corrigir a acidez do solo e de
fornecer os nutrientes que estejam em quantidades limitantes.
2.4.1.1. Inoculação de soja em
áreas de primeiro ano de cultivo
Em áreas de primeiro ano, a
resposta da planta de soja à inoculação é elevada, porque no solo não há,
originalmente, rizóbio em quantidade e com eficiência suficientes.
2.4.1.2. Inoculação em áreas
com mais de um ano de cultivo de soja
No sistema convencional, os ganhos
com a inoculação em áreas com cultivo anterior de soja são menos expressivos do
que os obtidos em solos de primeiro ano, mas a reinoculação deve ser feita de
forma a favorecer as estirpes inoculadas, que sofrem a competição das estirpes
do solo para formação dos nódulos. No sistema plantio direto, com no mínimo
três anos de cultivo de soja inoculada, poderá não haver resposta à inoculação.
A decisão sobre seu uso cabe à assistência técnica, com base na avaliação da
nodulação e no desenvolvimento da cultura, na safra anterior.
2.4.1.3. A inoculação deve ser
feita da seguinte maneira:
2.4.1.4. Cuidados com a
inoculação:
2.4.2. Fósforo e potássio
Na Tabela 2.4.2.4.1 são
apresentados os teores de P extraído pelo método de Mehlich-I e as respectivas
classes de interpretação de análise de solo. Para a cultura de soja, são
consideradas cinco classes de interpretação da análise de P do solo. O nível
crítico corresponde à classe "suficiente". Abaixo desse valor,
aumenta significativamente a possibilidade de resposta da cultura a P. Os
teores de P no solo, considerados "altos", correspondem aos níveis no
solo para o máximo desenvolvimento da cultura.
Tabela 2.4.2.4.1 - Interpretação
dos teores de fósforo no solo (método de mehlich-I) para as principais culturas
do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina.
Interpretação do teor de P no solo |
Classe de solo¹ |
||||
1 |
2 |
3 |
4 |
5 |
|
------------------- mg P/L ------------------- |
|||||
Limitante |
≤ 1 |
≤1,5 |
≤ 2 |
≤ 3 |
≤ 4 |
Muito Baixo |
1,1 a 2,0 |
1,6 a 3,0 |
2,1 a 4,0 |
3,1 a 6,0 |
4,1 a 8,0 |
Baixo |
2,1 a 4,0 |
3,1 a 6,0 |
4,1 a 9,0 |
6,1 a 12,0 |
8,1 a 16,0 |
Médio |
4,1 a 6,0 |
6,1 a 9,0 |
9,1 a 14,0 |
12,1 a 18,0 |
16,1 a 24,0 |
Suficiente |
> 6,0 |
> 9,0 |
> 14,0 |
> 18,0 |
> 24,0 |
Alto |
> 8,0 |
> 12,0 |
> 18,0 |
> 24,0 |
> 30,0 |
1Classe 1: > 55 % de argila
e/ou solos Erechim, Durox, Vacaria, Santo Ângelo, Aceguã, Pouso Redondo, Boa
Vista, etc. Classe 2: 41 a 55 % de argila
e/ou solos Passo Fundo franco-argiloso e argiloso. Estação, Oásis, Ciríaco,
Associação Ciríaco-Charrua, São Borja, Vila, Farroupilha, Rancho Grande,
Içara, etc. |
Para
o enquadramento dos solos nas classes 1 a 5, considera-se, além do teor de
argila, a Unidade de Mapeamento. Os solos Ciríaco, Associação Ciríaco-Charrua,
Vila, São Borja, Farroupilha e Oásis enquadram-se na Classe 2, em função das
relações entre o teor de P no solo e o desenvolvimento das culturas. Esses solos
apresentam elevado teor de silte e, se fossem classificados unicamente pelo
teor de argila, deveriam ser enquadrados na classe 3, o que não corresponderia
ao seu comportamento com relação à disponibilidade de P no solo.
Um dos componentes do cálculo que pode
influenciar diretamente as doses, visando a máximos retornos econômicos, é a
relação de preços entre o fertilizante fosfatado e a soja. Na Tabela 2.4.2.4.2.
considerou-se uma relação de preços de kg P2O5/kg de soja
correspondente a 3,0. Essa relação de preços é considerada favorável, com base
nos preços praticados nos últimos 20 anos. Estudos têm indicado que podem ser
adotados coeficientes médios de ajustes nas doses, correspondentes a 1,25, 1,0
e 0,85, se as relações de preços variarem, respectivamente, de 2,5 para 3,0 e
3,5.
Os valores de R (reposição) da
Tabela 2.4.2.4.2. referem-se à dose a aplicar de acordo com os rendimentos
esperados (t/ha) e especificados no rodapé da tabela.
Tabela 2.4.2.4.2 - Recomendação de
adubação fosfatada para a cultura de soja nos Estados do Rio Grande do Sul e de
Santa Catarina.
Interpretação do teor de P no solo¹ |
Classe de solo |
||||||||||||||
1 |
2 |
3 |
4 |
5 |
|||||||||||
Cultivos |
|||||||||||||||
1º |
2º |
3º |
1º |
2º |
3º |
1º |
2º |
3º |
1º |
2º |
3º |
1º |
2º |
3º |
|
--------------------------------- kg P2O5/ha --------------------------------- |
|||||||||||||||
Limitante |
140 |
75 |
50 |
130 |
60 |
60 |
120 |
50 |
40 |
120 |
50 |
40 |
130 |
60 |
40 |
Muito Baixo |
105 |
60 |
40 |
95 |
40 |
R |
85 |
R |
R |
85 |
R |
R |
95 |
40 |
R |
Baixo |
75 |
50 |
R |
65 |
R |
R |
55 |
R |
R |
55 |
R |
R |
65 |
R |
R |
Médio |
50 |
R |
R |
40 |
R |
R |
30 |
R |
R |
30 |
R |
R |
40 |
R |
R |
Suficiente |
30 |
R |
R |
20 |
R |
R |
20 |
R |
R |
20 |
R |
R |
20 |
R |
R |
Alto |
≤20 |
≤R |
R |
≤20 |
≤R |
R |
≤10 |
≤R |
R> |
≤10 |
≤R |
R |
≤10 |
≤R |
R |
As
doses de potássio indicadas para o máximo retorno econômico por cultivo constam
na Tabela 2.4.2.4.3. O valor de R (reposição) foi estabelecido em função de
três níveis de rendimentos (t/ha) esperados, conforme indicados no rodapé da
tabela. O nível de suficiência de potássio no solo é 80 mg/l. Abaixo desse teor
aumenta a probabilidade de resposta da cultura de soja à aplicação de K.
Tabela 2.4.2.4.3 - Recomendação de
adubação potássica para a cultura de soja nos Estados do Rio Grande do Sul e de
Santa Catarina.
Teor de K no solo |
Interpretação do teor de K no solo |
Adubação potássica/cultivo |
||
1º |
2º |
3º |
||
mg/L |
---------------------------- kg K2O /ha ------------------------- |
|||
≤ 20 |
Limitante |
140 |
75 |
50 |
21 a 40 |
Muito Baixo |
105 |
60 |
40 |
41 a 60 |
Baixo |
75 |
50 |
R |
61 a 80 |
Médio |
50 |
R |
R |
81 a 120 |
Suficiente |
30 |
R |
R |
> 120 |
Alto |
≤ 20 |
≤R |
R |
Valor R (reposição): < 2 t/ha = 40 kg K2O/ha;
2 a 3 t/ha = 65 kg kg K2O/ha; > 3 t/ha = 90 kg K2O/ha.
Da mesma maneira que para P, as
doses indicadas na Tabela 2.4.2.4.3. pressupõem que os demais fatores que
influenciam a produção da cultura estejam em níveis satisfatórios. Nessas
condições, as doses recomendadas representam um indicativo para a obtenção do
máximo retorno econômico com o uso do insumo para a cultura.
2.4.2.1. Manuseio das tabelas
de recomendação de fósforo e de potássio
Para usar as tabelas de
recomendação de fósforo e de potássio, é importante identificar a cultura de
soja dentro da seqüência de utilização de uma área de lavoura e da qual foi
obtida uma amostra de solo.
Há necessidade, em primeiro lugar,
de se estabelecer o programa de uso da lavoura, ou seja, a sucessão de culturas
desejada, para três cultivos. Admitindo-se, por exemplo, uma sucessão de
culturas soja-trigo-milho, a soja corresponderia nesse caso ao primeiro cultivo
do sistema, e a recomendação a ser usada deverá ser a referente ao primeiro
cultivo, nas Tabelas 2.4.2.4.1. e 2.4.2.4.2..
As recomendações referentes aos
demais cultivos integrantes do sistema, da mesma maneira que para a soja, serão
extraídas das recomendações específicas para cada cultura, conforme
especificado na publicação "Recomendações de Adubação e de Calagem para os
Estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina", 3ª edição, de 1995. Os
valores de reposição (R) indicados foram calculados para compensar as retiradas
pela colheita e as reações de retenção do nutriente no solo. Recomenda-se empregar,
a partir do segundo cultivo, o valor R nos casos em que este for superior aos
valores indicados nas Tabelas 2.4.2.4.1. e 2.4.2.4.2...
2.4.2.2. Fontes de fósforo
Para os adubos fosfatados total ou
parcialmente solúveis, a dose de P deve ser calculada levando em consideração
os teores de P2O5 solúveis em água mais citrato neutro de
amônio. No caso dos termosfosfatos e das escórias, as quantidades devem ser
calculadas levando-se em consideração o teor de P2O5
solúvel em ácido cítrico a 2%, na relação 1/100. Na escolha do produto, deve-se
considerar o custo da unidade de P2O5 do fertilizante
posto na propriedade, segundo os critérios de solubilidade acima indicados.
2.4.2.3. Fosfatos solúveis
Para os adubos fosfatados total ou
parcialmente solúveis, a dose de P deve ser calculada levando em consideração
os teores de P2O5 solúveis em água mais citrato neutro de
amônio. No caso dos termofosfatos e das escórias, as quantidades devem ser
calculadas levando-se em consideração o teor de P2O5
solúvel em ácido cítrico a 2%, na relação 1/100. Na escolha do produto, deve-se
considerar o custo da unidade de P2O5 do fertilizante
posto na propriedade, segundo os critérios de solubilidade acima indicados.
2.4.2.4. Fosfatos Naturais
Reativos
Os dados obtidos com fosfatos
naturais reativos aplicados em solos cultivados em sistemas de produção,
incluindo-se a cultura da soja, evidenciam a possibilidade de seu uso prático,
mormente em solos com pH menor que 6,0, pois tem sido verificado que à medida
que aumenta o pH a eficiência desses fertilizantes diminui. Com base no efeito
desses fosfatos no rendimento de grãos de soja, em sucessão com outras
culturas, verificou-se que eles tendem a ser equivalentes aos fertilizantes
solúveis no segundo e/ou terceiro cultivo após a sua aplicação, uma vez que os
fosfatos reativos proporcionam menor rendimento de grãos no primeiro cultivo,
quando comparados com fosfatos acidulados. Em solos com teor elevado de P não
se observaram diferenças no rendimento de grãos entre os fosfatos naturais
reativos e os fosfatos acidulados, tanto em aplicações a lanço como em linha de
semeadura. Sua indicação, portanto, é mais adequada em solos com pH inferior a
6,0 e teores baixos a médios de P. Esses fosfatos reativos devem ser aplicados
em função do teor total de P2O5.
2.5. Adubação orgânica
Em razão da fixação biológica de
nitrogênio pelo rizóbio da soja, a aplicação de adubos orgânicos nessa cultura
não é conveniente, pois poderá haver inibição do processo de fixação do
nitrogênio atmosférico, bem como o não aproveitamento do nitrogênio contido no
fertilizante orgânico. Porém, no caso de emprego de fertilizantes orgânicos na
cultura de soja ou em cultura, anterior, sugere-se consultar o boletim
"Recomendações de Adubação e de Calagem para os Estados do Rio Grande do
Sul e de Santa Catarina", 3ª edição, de 1995 para calcular a quantidade de
produto a ser usada.
2.5.1. Adubação com
fertilizantes organo-minerais
Este grupo de fertilizantes provém
da mistura de fertilizantes orgânicos e minerais. Resultados obtidos por várias
instituições de pesquisa do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina indicam o
seguinte:
2.5.2. Adubação com
fertilizantes organo-minerais
Os resultados de pesquisa obtidos,
até agora, com vários tipos de adubos foliares indicam não haver vantagem de
seu emprego na cultura de soja na Região Sul, excetuando-se a aplicação de
molibdênio.
2.6. Micronutrientes
A aplicação de molibdênio (Mo)
pode proporcionar incremento no rendimento de grãos nos seguintes casos: a) em
solos com pH em água inferior a 5,5; b) quando as plantas apresentarem
deficiência de nitrogênio (amarelecimento generalizado das folhas).
As doses de Mo a aplicar devem ser
as seguintes: via semente 8 a 12 g/ha; via foliar, 30 g/ha. A aplicação foliar
deverá ser realizada 30 a 45 dias após a emergência.
O teor de Mo que ocorre
normalmente nos grãos de soja é de 1 a 2 mg/kg. Essa concentração é insuficiente
para suprir devidamente a planta.
Em sistemas agrícolas em que se
faz a integração lavoura-pecuária, deve-se monitorar o teor de molibdênio nas
culturas de inverno após sucessivas aplicações de molibdênio em soja. O uso
desse micronutriente deve ser descontinuado quando o seu teor atingir 5 mg/kg
na parte aérea dessas culturas.
A aplicação dos demais
micronutrientes (Zn, Cu, Fe, Mn, B e Co) apresenta incerteza quanto ao seu
efeito, pois a maioria dos solos apresenta um suprimento adequado. A aplicação
de Zn, de Mn e de B é viável somente se a análise de solo ou de tecido foliar
indicar teor insuficiente.
2.7. Enxofre e gesso agrícola
O gesso representa uma fonte para
o suprimento de enxofre e cálcio às plantas. A decisão quanto ao emprego desse
produto deve levar em conta o custo dos demais produtos disponíveis. Entre as
alternativas, diversas fontes de fósforo, incluindo o superfosfato simples,
apresentam cálcio e enxofre na sua composição.
Existem poucas informações de
pesquisa referentes à dose de enxofre a ser usada para a cultura de soja. No
caso de comprovação de deficiência de enxofre, através da análise de solo,
recomenda-se usar cerca de 20 a 30 kg de enxofre por hectare. Resultados de
análise de solo indicam que, em solos arenosos e com baixo teor de matéria
orgânica, há maior probabilidade de ocorrência de deficiência de enxofre.
Com relação ao uso de gesso
agrícola como condicionador de camadas subsuperficiais, os resultados de
pesquisa obtidos indicam não haver resposta da cultura de soja ao produto.
2.8. Relação Ca/Mg no solo
Existem informações sobre
desequilíbrios na relação Ca/Mg no solo, resultantes do uso de calcário com
elevado teor de magnésio. Os reflexos dessa condição na produtividade das
culturas, entre elas a de soja, é desconhecido. Considerando, no entanto, o
nível de conhecimento geral sobre o assunto, pressupõe-se que uma relação baixa
desses nutrientes não deve resultar em danos à cultura, desde que os teores
individuais no solo estejam acima dos valores considerados críticos, de acordo
com a interpretação de análises de solo adotada no boletim "Recomendações
de Adubação e de Calagem para os Estados do Rio Grande do Sul e de Santa
Catarina", 3ª edição, de 1995.