XXVII REUNIÃO DE PESQUISA DE SOJA DA REGIÃO SUL - 27 a 29 de Julho de 1999
CHAPECÓ - SC

Fonte: Embrapa

2. ADUBAÇÃO E CALAGEM

2.1. Introdução

As recomendações de adubação e de calagem baseiam-se em resultados da análise de solo. Informações adicionais às aqui apresentadas podem ser obtidas no boletim "Recomendações de Adubação e de Calagem para os Estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina", 3ª edição, de 1995.

2.2. Amostragem de solo

O primeiro passo para a correta amostragem de solo reside na definição do plano de amostragem e, por conseqüência, na determinação do número de amostras a coletar. As características locais da lavoura, como topografia, cor e profundidade do solo, uso anterior da área, manejo da fertilidade do solo, incluindo tipos, quantidades de adubos e de corretivos aplicados etc., irão determinar o número de glebas distintas a serem amostradas e o número de subamostras por amostra.

A segunda etapa é a de amostragem de solo propriamente dita. O equipamento a usar depende das condições locais. Entre os equipamentos existentes, incluem-se o trado de rosca, o trado holandês, o calador e a pá-de-corte. O trado holandês apresenta, em geral, boa performance, não sendo muito influenciado pelo teor de umidade e pela textura do solo, como é o caso do calador e do trado de rosca. O trado de rosca requer um número maior de subamostras em solo onde foi aplicado adubo em linha e que não foi revolvido. Neste caso, a pá-de-corte é a melhor opção, devendo proceder-se à abertura de uma cunha no solo, com largura correspondente à do espaçamento entre as linhas, centralizando-a a partir da linha de localização do fertilizante. Quanto aos demais cuidados relativos à profundidade de amostragem, bem como à homogeneização, à pré-secagem à sombra, à embalagem da amostra, ao preenchimento do formulário e ao envio do material ao laboratório, recomenda-se seguir as indicações de praxe.

Com relação ao número de subamostras por amostra de solo, sugere-se, como regra geral, a coleta de pelo menos vinte subamostras. O número de subamostras e o total de amostras de solo a coletar dependem, no entanto, das condições particulares do local.

Na fase de implantação do sistema plantio direto, geralmente até aos 5 anos (ou a critério da assistência técnica), a amostragem deve ser feita na profundidade de 0 - 20cm. Após esta fase, a amostragem deve ser feita na profundidade de 0 - 10cm.

2.3. Calagem

As recomendações de calagem variam conforme a meta do pH do solo a atingir e dependem, diretamente, das características particulares de cada cultivo ou da condição de manejo à qual o solo está submetido. A quantidade de calcário a ser usada varia conforme o índice SMP. Recomenda-se o emprego das indicações de calagem para o solo atingir pH em água igual a 6,0 (Tabela 2.3.1.1.). Condições de pH do solo ao redor de 6,0 favorecem o desenvolvimento da simbiose rizóbio-planta e proporcionam, em geral, os máximos rendimentos da cultura. Porém, para a Unidade de Mapeamento Pelotas, as informações existentes permitem indicar o uso do índice SMP para o solo atingir pH em água igual a 5,5. No caso de se optar pelo uso de calcário na linha, ou quando se tratar do sistema plantio direto, sugere-se observar as recomendações específicas da prática.

Tabela 2.3.1.1. - Recomendações de calcário (PRNT 100%) em função do índice SMP para a correção da acidez dos solos do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, visando a elevar o pH do solo em água para 5,5 ou 6,0.

 

Índice SMP

Calcário para

 

Índice SMP

Calcário para

pH 5,5

pH 6,0

pH 5,5

pH 6,0

--------- t/ha ---------

--------- t/ha ---------

4,4

15,0

21,0

5,7

2,8

4,8

4,5

12,5

17,3

5,8

2,3

4,2

4,6

10,9

15,1

5,9

2,0

3,7

4,7

9,6

13,3

6,0

1,6

3,2

4,8

8,5

11,9

6,1

1,3

2,7

4,9

7,7

10,7

6,2

1,0

2,2

5,0

6,6

9,9

6,3

0,8

1,8

5,1

6,0

9,1

6,4

0,6

1,4

5,2

5,3

8,3

6,5

0,4

1,1

5,3

4,8

7,5

6,6

0,2

0,8

5,4

4,2

6,8

6,7

0,0

0,5

5,5

3,7

6,1

6,8

0,0

0,3

5,6

3,2

5,4

6,9

0,0

0,2

 

2.3.1. Cálculo da quantidade de calcário a aplicar

As quantidades de calcário indicadas na Tabela 2.3.1.1. referem-se a corretivos com PRNT (Poder Relativo de Neutralização Total) de 100%. Isso significa que as quantidades totais a aplicar devem ser calculadas em função do PRNT do calcário disponível. Sugere-se, também, que seja dada preferência ao calcário dolomítico, por este possuir magnésio em sua composição, evitando-se, assim, riscos de deficiência desse nutriente.

Em algumas situações, principalmente em solos arenosos, o índice SMP pode não indicar necessidade de calagem, embora o pH em água esteja em nível inferior ao desejado. Nesses casos, pode-se estabelecer a recomendação com base nos teores de alumínio trocável (Al) e de matéria orgânica (MO) do solo, empregando-se a seguinte equação:

NC = -0,516 + 0,805 MO + 2,435 Al,

correspondendo NC à necessidade de calagem em t/ha, MO, ao teor de matéria orgânica do solo, em %, e Al, ao teor de alumínio trocável do solo, em cmolc/L.

Para solos que já receberam calcário e quando a análise de solo indicar ausência de Al e saturação em bases superior a 60%, a aplicação de corretivo, nas doses indicadas pelo índice SMP, pode não proporcionar aumento no rendimento da cultura.

2.3.2. Calagem em solo sob cultivo convencional

No sistema de plantio convencional, o calcário deve ser distribuído a lanço e incorporado uniformemente ao solo, até uma profundidade de 17 cm a 20 cm. O contato íntimo das partículas do corretivo com o solo é condição fundamental para a dissolução do material.

Reaplicação de calcário

As quantidades de calcário indicadas na Tabela 2.3.1.1. proporcionam um efeito residual médio de cinco anos, dependendo de fatores como o manejo de solo, culturas, erosão e outros. Após esse período, recomenda-se realizar nova análise de solo para a quantificação da dose necessária.

Embora o sistema de recomendação considere a calagem total, ou seja, a aplicação de uma dose única para um período de 5 anos, o parcelamento (doses menores, reaplicadas com maior (freqüência), deve totalizar, no máximo, a quantidade de corretivo recomendada para esse período. Dessa forma, os riscos de uma supercalagem são minimizados. No entanto, não há ganhos econômicos com a aplicação parcelada de calcário.

Calcário na linha

Essa prática consiste na aplicação, na linha de semeadura, de pequenas quantidades de calcário (200 a 300 kg/ha) finamente moído (filler) ou de concha marinha. Ela constitui uma alternativa para a cultura de soja, devendo-se observar as seguintes especificações técnicas:

2.3.3. Calagem no sistema plantio direto

Preferencialmente, antes de iniciar o sistema plantio direto em áreas sob cultivo convencional, recomenda-se corrigir integralmente a acidez de solo, sendo esta etapa fundamental para a adequação do solo a esse sistema. O corretivo deve ser incorporado, uniformemente, na camada arável do solo, ou seja, até 20 cm de profundidade.

Na implementação do sistema plantio direto em solos de campo nativo ou em pousio, sem o revolvimento inicial, resultados de pesquisa com a cultura de soja indicam que a aplicação de corretivo a lanço, na superfície, ou em doses menores, na linha de semeadura, propicia aumentos de rendimento. A eficiência das práticas depende do tipo de solo (textura), da intensidade dos fatores da acidez de solo, da disponibilidade de nutrientes e das condições climáticas.

Para solos em que o sistema plantio direto já foi iniciado e que ainda não receberam calcário na superfície, a necessidade de calagem deve ser determinada com base na análise de solo de amostras coletadas na camada de 0 a 20 cm. A aplicação deve ser feita quando o pH em água for menor que 6 ou quando a saturação em bases for menor que 60%. A dose recomendada é de ¼ da quantidade indicada pelo método SMP para pH em água igual a 6 (Tabela 2.3.1.1.)

Para solos sob sistema plantio direto que já receberam calcário na superfície, a amostragem do solo deve ser realizada de 0 a 10 cm de profundidade, devendo-se aplicar ¼ da quantidade de calcário recomendada pelo método SMP para pH em água 6, quando a saturação em bases for menor do que 60% e/ou o pH em água for menor do que 5,5. Após 3 anos, o solo deve ser reamostrado na profundidade de 0 a 10 cm.

No caso de solos sob campo nativo, a dose de calcário pode variar de ¼ a ½ SMP, preferindo-se ½ SMP para solos com alto teor de argila (> 55 %).

Em qualquer dos casos, o calcário deve ser aplicado pelo menos 6 meses antes do plantio de soja.

Para a aplicação de calcário finamente moído (filler) ou de concha marinha em linha, sugere-se as quantidades de 200 a 300 kg/ha, para solos já cultivados sob plantio direto, e 200 a 400 kg/ha, para solos de campo nativo.

2.4. Adubação

As quantidades de fertilizantes fosfatados e potássicos a aplicar variam em função dos teores desses nutrientes no solo. As doses recomendadas foram calculadas em função da resposta da cultura à adubação, visando à meta do máximo retorno por área, a curto prazo, ou seja, por cultivo, para um período de três cultivos sucessivos. Após o período mencionado, há necessidade de se proceder a uma nova amostragem de solo, para reavaliar a necessidade de adubação.

O sistema de recomendação pressupõe que os demais fatores que influenciam a produção da cultura estejam em níveis satisfatórios, estando incluídas, nesse contexto, as demais práticas de manejo da cultura preconizadas pela pesquisa. Isso implica, em grande parte das situações, a necessidade de ajustamento das recomendações, pela assistência técnica, visando ao enquadramento à situação local do produtor. Por essas razões, as recomendações constituem um referencial a ser atingido, pois apresentam a quantidade ajustada para o máximo retorno econômico.

2.4.1. Nitrogênio

Não se recomenda a aplicação de adubo nitrogenado para a cultura de soja. As necessidades de N da planta são supridas pelo N do solo e pela simbiose com o rizóbio específico aplicado via inoculação das sementes ou já estabelecido no solo. A aplicação de N aumenta os custos, inibe a fixação simbiótica de N e não aumenta o rendimento.

Os inoculantes contêm duas das estirpes de Bradyrhizobium japonicum e B. elkanii atualmente recomendadas: SEMIA 587, SEMIA 5019, SEMIA 5079 e SEMIA 5080.

Para que a fixação simbiótica de nitrogênio seja favorecida, há a necessidade de corrigir a acidez do solo e de fornecer os nutrientes que estejam em quantidades limitantes.

2.4.1.1. Inoculação de soja em áreas de primeiro ano de cultivo

Em áreas de primeiro ano, a resposta da planta de soja à inoculação é elevada, porque no solo não há, originalmente, rizóbio em quantidade e com eficiência suficientes.

2.4.1.2. Inoculação em áreas com mais de um ano de cultivo de soja

No sistema convencional, os ganhos com a inoculação em áreas com cultivo anterior de soja são menos expressivos do que os obtidos em solos de primeiro ano, mas a reinoculação deve ser feita de forma a favorecer as estirpes inoculadas, que sofrem a competição das estirpes do solo para formação dos nódulos. No sistema plantio direto, com no mínimo três anos de cultivo de soja inoculada, poderá não haver resposta à inoculação. A decisão sobre seu uso cabe à assistência técnica, com base na avaliação da nodulação e no desenvolvimento da cultura, na safra anterior.

2.4.1.3. A inoculação deve ser feita da seguinte maneira:

2.4.1.4. Cuidados com a inoculação:

2.4.2. Fósforo e potássio

Na Tabela 2.4.2.4.1 são apresentados os teores de P extraído pelo método de Mehlich-I e as respectivas classes de interpretação de análise de solo. Para a cultura de soja, são consideradas cinco classes de interpretação da análise de P do solo. O nível crítico corresponde à classe "suficiente". Abaixo desse valor, aumenta significativamente a possibilidade de resposta da cultura a P. Os teores de P no solo, considerados "altos", correspondem aos níveis no solo para o máximo desenvolvimento da cultura.

Tabela 2.4.2.4.1 - Interpretação dos teores de fósforo no solo (método de mehlich-I) para as principais culturas do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina.

Interpretação

do teor de P

no solo

Classe de solo¹

1

2

3

4

5

------------------- mg P/L -------------------

Limitante

1

1,5

2

3

4

Muito Baixo

1,1 a 2,0

1,6 a 3,0

2,1 a 4,0

3,1 a 6,0

4,1 a 8,0

Baixo

2,1 a 4,0

3,1 a 6,0

4,1 a 9,0

6,1 a 12,0

8,1 a 16,0

Médio

4,1 a 6,0

6,1 a 9,0

9,1 a 14,0

12,1 a 18,0

16,1 a 24,0

Suficiente

> 6,0

> 9,0

> 14,0

> 18,0

> 24,0

Alto

> 8,0

> 12,0

> 18,0

> 24,0

> 30,0

 

1Classe 1: > 55 % de argila e/ou solos Erechim, Durox, Vacaria, Santo Ângelo, Aceguã, Pouso Redondo, Boa Vista, etc.

Classe 2: 41 a 55 % de argila e/ou solos Passo Fundo franco-argiloso e argiloso. Estação, Oásis, Ciríaco, Associação Ciríaco-Charrua, São Borja, Vila, Farroupilha, Rancho Grande, Içara, etc.
Classe 3: 26 a 40 % de argila e/ou solos Passo Fundo franco-arenoso e arenoso, Júlio de Castilhos, São Jerônimo, Alto das Canas, São Gabriel, Canoinhas, Jacinto Machado, Lages, etc.
Classe 4: 11 a 25 % de argila e/ou solos Cruz Alta, Tupanciretã, Rio Pardo, Camaquã, Bagé, Bexigoso, Pelotas, São Pedro, Santa Maria, Pinheiro Machado, etc.
Classe 5:
10 % de argila e/ou solos Bom Retiro, Tuia, Vacacaí, etc.

Para o enquadramento dos solos nas classes 1 a 5, considera-se, além do teor de argila, a Unidade de Mapeamento. Os solos Ciríaco, Associação Ciríaco-Charrua, Vila, São Borja, Farroupilha e Oásis enquadram-se na Classe 2, em função das relações entre o teor de P no solo e o desenvolvimento das culturas. Esses solos apresentam elevado teor de silte e, se fossem classificados unicamente pelo teor de argila, deveriam ser enquadrados na classe 3, o que não corresponderia ao seu comportamento com relação à disponibilidade de P no solo.

Um dos componentes do cálculo que pode influenciar diretamente as doses, visando a máximos retornos econômicos, é a relação de preços entre o fertilizante fosfatado e a soja. Na Tabela 2.4.2.4.2. considerou-se uma relação de preços de kg P2O5/kg de soja correspondente a 3,0. Essa relação de preços é considerada favorável, com base nos preços praticados nos últimos 20 anos. Estudos têm indicado que podem ser adotados coeficientes médios de ajustes nas doses, correspondentes a 1,25, 1,0 e 0,85, se as relações de preços variarem, respectivamente, de 2,5 para 3,0 e 3,5.

Os valores de R (reposição) da Tabela 2.4.2.4.2. referem-se à dose a aplicar de acordo com os rendimentos esperados (t/ha) e especificados no rodapé da tabela.

Tabela 2.4.2.4.2 - Recomendação de adubação fosfatada para a cultura de soja nos Estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina.

 

 

Interpretação do teor de P no solo¹

Classe de solo

1

2

3

4

5

Cultivos

--------------------------------- kg P2O5/ha ---------------------------------

Limitante

140

75

50

130

60

60

120

50

40

120

50

40

130

60

40

Muito Baixo

105

60

40

95

40

R

85

R

R

85

R

R

95

40

R

Baixo

75

50

R

65

R

R

55

R

R

55

R

R

65

R

R

Médio

50

R

R

40

R

R

30

R

R

30

R

R

40

R

R

Suficiente

30

R

R

20

R

R

20

R

R

20

R

R

20

R

R

Alto

20

R

R

20

R

R

10

R

R>

10

R

R

10

R

R

As doses de potássio indicadas para o máximo retorno econômico por cultivo constam na Tabela 2.4.2.4.3. O valor de R (reposição) foi estabelecido em função de três níveis de rendimentos (t/ha) esperados, conforme indicados no rodapé da tabela. O nível de suficiência de potássio no solo é 80 mg/l. Abaixo desse teor aumenta a probabilidade de resposta da cultura de soja à aplicação de K.

Tabela 2.4.2.4.3 - Recomendação de adubação potássica para a cultura de soja nos Estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina.

Teor de K

no solo

Interpretação

do teor de K

no solo

Adubação potássica/cultivo

mg/L

---------------------------- kg K2O /ha -------------------------

20

Limitante

140

75

50

21 a 40

Muito Baixo

105

60

40

41 a 60

Baixo

75

50

R

61 a 80

Médio

50

R

R

81 a 120

Suficiente

30

R

R

> 120

Alto

20

R

R

Valor R (reposição): < 2 t/ha = 40 kg K2O/ha; 2 a 3 t/ha = 65 kg kg K2O/ha; > 3 t/ha = 90 kg K2O/ha.

Da mesma maneira que para P, as doses indicadas na Tabela 2.4.2.4.3. pressupõem que os demais fatores que influenciam a produção da cultura estejam em níveis satisfatórios. Nessas condições, as doses recomendadas representam um indicativo para a obtenção do máximo retorno econômico com o uso do insumo para a cultura.

2.4.2.1. Manuseio das tabelas de recomendação de fósforo e de potássio

Para usar as tabelas de recomendação de fósforo e de potássio, é importante identificar a cultura de soja dentro da seqüência de utilização de uma área de lavoura e da qual foi obtida uma amostra de solo.

Há necessidade, em primeiro lugar, de se estabelecer o programa de uso da lavoura, ou seja, a sucessão de culturas desejada, para três cultivos. Admitindo-se, por exemplo, uma sucessão de culturas soja-trigo-milho, a soja corresponderia nesse caso ao primeiro cultivo do sistema, e a recomendação a ser usada deverá ser a referente ao primeiro cultivo, nas Tabelas 2.4.2.4.1. e 2.4.2.4.2..

As recomendações referentes aos demais cultivos integrantes do sistema, da mesma maneira que para a soja, serão extraídas das recomendações específicas para cada cultura, conforme especificado na publicação "Recomendações de Adubação e de Calagem para os Estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina", 3ª edição, de 1995. Os valores de reposição (R) indicados foram calculados para compensar as retiradas pela colheita e as reações de retenção do nutriente no solo. Recomenda-se empregar, a partir do segundo cultivo, o valor R nos casos em que este for superior aos valores indicados nas Tabelas 2.4.2.4.1. e 2.4.2.4.2...

2.4.2.2. Fontes de fósforo

Para os adubos fosfatados total ou parcialmente solúveis, a dose de P deve ser calculada levando em consideração os teores de P2O5 solúveis em água mais citrato neutro de amônio. No caso dos termosfosfatos e das escórias, as quantidades devem ser calculadas levando-se em consideração o teor de P2O5 solúvel em ácido cítrico a 2%, na relação 1/100. Na escolha do produto, deve-se considerar o custo da unidade de P2O5 do fertilizante posto na propriedade, segundo os critérios de solubilidade acima indicados.

2.4.2.3. Fosfatos solúveis

Para os adubos fosfatados total ou parcialmente solúveis, a dose de P deve ser calculada levando em consideração os teores de P2O5 solúveis em água mais citrato neutro de amônio. No caso dos termofosfatos e das escórias, as quantidades devem ser calculadas levando-se em consideração o teor de P2O5 solúvel em ácido cítrico a 2%, na relação 1/100. Na escolha do produto, deve-se considerar o custo da unidade de P2O5 do fertilizante posto na propriedade, segundo os critérios de solubilidade acima indicados.

2.4.2.4. Fosfatos Naturais Reativos

Os dados obtidos com fosfatos naturais reativos aplicados em solos cultivados em sistemas de produção, incluindo-se a cultura da soja, evidenciam a possibilidade de seu uso prático, mormente em solos com pH menor que 6,0, pois tem sido verificado que à medida que aumenta o pH a eficiência desses fertilizantes diminui. Com base no efeito desses fosfatos no rendimento de grãos de soja, em sucessão com outras culturas, verificou-se que eles tendem a ser equivalentes aos fertilizantes solúveis no segundo e/ou terceiro cultivo após a sua aplicação, uma vez que os fosfatos reativos proporcionam menor rendimento de grãos no primeiro cultivo, quando comparados com fosfatos acidulados. Em solos com teor elevado de P não se observaram diferenças no rendimento de grãos entre os fosfatos naturais reativos e os fosfatos acidulados, tanto em aplicações a lanço como em linha de semeadura. Sua indicação, portanto, é mais adequada em solos com pH inferior a 6,0 e teores baixos a médios de P. Esses fosfatos reativos devem ser aplicados em função do teor total de P2O5.

2.5. Adubação orgânica

Em razão da fixação biológica de nitrogênio pelo rizóbio da soja, a aplicação de adubos orgânicos nessa cultura não é conveniente, pois poderá haver inibição do processo de fixação do nitrogênio atmosférico, bem como o não aproveitamento do nitrogênio contido no fertilizante orgânico. Porém, no caso de emprego de fertilizantes orgânicos na cultura de soja ou em cultura, anterior, sugere-se consultar o boletim "Recomendações de Adubação e de Calagem para os Estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina", 3ª edição, de 1995 para calcular a quantidade de produto a ser usada.

2.5.1. Adubação com fertilizantes organo-minerais

Este grupo de fertilizantes provém da mistura de fertilizantes orgânicos e minerais. Resultados obtidos por várias instituições de pesquisa do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina indicam o seguinte:

2.5.2. Adubação com fertilizantes organo-minerais

Os resultados de pesquisa obtidos, até agora, com vários tipos de adubos foliares indicam não haver vantagem de seu emprego na cultura de soja na Região Sul, excetuando-se a aplicação de molibdênio.

2.6. Micronutrientes

A aplicação de molibdênio (Mo) pode proporcionar incremento no rendimento de grãos nos seguintes casos: a) em solos com pH em água inferior a 5,5; b) quando as plantas apresentarem deficiência de nitrogênio (amarelecimento generalizado das folhas).

As doses de Mo a aplicar devem ser as seguintes: via semente 8 a 12 g/ha; via foliar, 30 g/ha. A aplicação foliar deverá ser realizada 30 a 45 dias após a emergência.

O teor de Mo que ocorre normalmente nos grãos de soja é de 1 a 2 mg/kg. Essa concentração é insuficiente para suprir devidamente a planta.

Em sistemas agrícolas em que se faz a integração lavoura-pecuária, deve-se monitorar o teor de molibdênio nas culturas de inverno após sucessivas aplicações de molibdênio em soja. O uso desse micronutriente deve ser descontinuado quando o seu teor atingir 5 mg/kg na parte aérea dessas culturas.

A aplicação dos demais micronutrientes (Zn, Cu, Fe, Mn, B e Co) apresenta incerteza quanto ao seu efeito, pois a maioria dos solos apresenta um suprimento adequado. A aplicação de Zn, de Mn e de B é viável somente se a análise de solo ou de tecido foliar indicar teor insuficiente.

2.7. Enxofre e gesso agrícola

O gesso representa uma fonte para o suprimento de enxofre e cálcio às plantas. A decisão quanto ao emprego desse produto deve levar em conta o custo dos demais produtos disponíveis. Entre as alternativas, diversas fontes de fósforo, incluindo o superfosfato simples, apresentam cálcio e enxofre na sua composição.

Existem poucas informações de pesquisa referentes à dose de enxofre a ser usada para a cultura de soja. No caso de comprovação de deficiência de enxofre, através da análise de solo, recomenda-se usar cerca de 20 a 30 kg de enxofre por hectare. Resultados de análise de solo indicam que, em solos arenosos e com baixo teor de matéria orgânica, há maior probabilidade de ocorrência de deficiência de enxofre.

Com relação ao uso de gesso agrícola como condicionador de camadas subsuperficiais, os resultados de pesquisa obtidos indicam não haver resposta da cultura de soja ao produto.

2.8. Relação Ca/Mg no solo

Existem informações sobre desequilíbrios na relação Ca/Mg no solo, resultantes do uso de calcário com elevado teor de magnésio. Os reflexos dessa condição na produtividade das culturas, entre elas a de soja, é desconhecido. Considerando, no entanto, o nível de conhecimento geral sobre o assunto, pressupõe-se que uma relação baixa desses nutrientes não deve resultar em danos à cultura, desde que os teores individuais no solo estejam acima dos valores considerados críticos, de acordo com a interpretação de análises de solo adotada no boletim "Recomendações de Adubação e de Calagem para os Estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina", 3ª edição, de 1995.