DOSES
DE CALCÁRIO, GESSO, MISTURA CALCÁRIO/GESSO, INTERAÇÃO CALCÁRIO X FÓSFORO E
CALCÁRIO X POTÁSSIO EM CANA-DE-AÇÚCAR
D. F.
AZEREDO; J. BOLSANELLO; M. 5. MANHÃES; H. WEBER
UNIVERSIDADE
FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO
RESUMO INTERAÇÃO
Com o objetivo de avaliar os
efeitos de doses de calcário, gesso e mistura calcário + gesso (lnercal) e das
interações calcário x fósforo e calcário x potássio sobre as características
químicas do solo e na produção de cana, foram realizados treze experimentos
(total de vinte e nove cortes). Os tratamentos empregados foram os seguintes:
Calcário; 0, 1, 2, 3, 4, 3, 6, 8, 10 e 15 t/ha; lnercal: 0, 2, 4, 5 e 10 t/ha;
Gesso: 1,5 e 3,0 t/ha; Fósforo; 0, 50, 100, 130 e 200 Kg de P2O5/ha
e Potássio: 0, 70, 140, 210 e 280 Kg de K2O/ha, com as doses
variando conforme o experimento.
O emprego de calcário e
inercal proporcionou elevação dos índices de pH, cálcio (Ca), magnésio (Mg) e
de saturação de bases (V%) e redução dos teores de alumínio (AI), hidrogênio (H+) e saturação por alumínio (AI %); as doses de gesso
utilizadas não proporcionaram variações expressivas nas características do
solo; não houve benefício do uso de calcário, inercal e gesso na produção de
cana,
INTRODUÇÃO
A calagem
neutraliza os excessos de alumínio e de manganês e fornece cálcio e magnésio.
Além disso, aumenta a disponibilidade de nitrogênio, enxofre e boro que
resultam da mineralização da matéria orgânica. O excesso de cobre também é
controlado (MALAVOLTA et al., 1993). Com tais benefícios, a calagem muitas
vezes é considerada como solução para os problemas de fertilidade dos solos que
interferem na produtividade das culturas.
Na cultura da
cana-de-açúcar, o uso de calcário tem merecido atenção especial, principalmente
em face das contradições observadas nas produções de cana e de açúcar
decorrentes do emprego do corretivo, Tal situação pode estar associada ao fato
de a cana-de-açúcar ser uma cultura tolerante à acidez e aos teores elevados de
alumínio trocável do solo, conforme atestam os trabalhos de AYRES et al. (1965),
MARINHO et al. (1980), AZEREDO & SARRUGE (1984), HETHERINGTON et al.
(1986).
ORLANDO FILHO, et
al. (1990), trabalhando com fontes de calcário aplicadas em área total e sulco
de plantio, em Areia Quartzosa da Usina São Manoel- SP, concluíram que houve
reação à calagem, que o calcário aplicado em cana-planta apresentou efeito
residual sobre a soca, que as fontes de calcário mostraram efeitos
diferenciados. Efeitos benéficos da calagem sobre os rendimentos agrícolas e/ou
industriais da cana-de-açúcar foram verificados por WANG et al. (1960), SANTOS
et al. (1980) e MARINHO et al. (1980).
No estado do Rio
de Janeiro, AZEREDO et al. (1981) não encontraram aumento de produtividade em
cana-planta e nem variação dos teores de pol% cana devidos à calagem,
concluindo que em solos com 0,8 e.mg de Ca/100ml de solo e teores de Ca + Mg no
mínimo de 1,4 e.mg/100 ml de solo, a cultura da cana-de-açúcar não responde à
aplicação de calcário.
Resultados
obtidos por CORDEIRO (1978), DAVIDSON (1965) e KAMPRATH (1967) mostram efeitos
prejudiciais da calagem nas produções agrícolas e/ou industriais.
Segundo QUAGGIO
(1986), a resposta da cultura à calagem depende de fatores ligados à planta, ao
solo e ao corretivo empregado, obtendo-se a máxima eficiência com a calagem
quando os referidos fatores são corretamente considerados. O clima também
precisa ser considerado, pois em determinadas situações, baixas produtividades
são observadas, principalmente por déficits hídricos, o que compromete a
avaliação dos efeitos da calagem.
Além do uso
exclusivo de calcário, outros corretivos de solo têm sido estudados na cultura
da cana-de-açúcar. O emprego de gesso e de mistura calcário/gesso visa
principalmente elevar os teores de cálcio e neutralizar o alumínio cio camadas
reais profundas do solo, o que nem sempre é conseguido. VITTI et al. (1993) não
observaram efeitos do gesso na mobilização de bases ao longo do perfil do solo.
Já para BENEDINI (1990), possivelmente, somente solos extremamente pobres em
profundidade, com teores de cálcio muito baixos em subsuperfície, menores que
0,2-0,4 meq/100 cm3, podem apresentar boas chances de resposta à
aplicação de gesso como fornecedor de bases em aplicação de gesso como
fornecedor de bases em profundidade, o que limita o número de solos aptos a
receberem doses de gesso superiores às requisitadas para o fornecimento
adequado de enxofre às plantas (doses baixas).
A mistura
calcário/gesso pode ser uma prática promissora, com o gesso em doses não
elevadas, em soqueiras antigas instaladas em solos arenosos ou de baixa CTC. A
adição do gesso com o calcário serviria para acelerar a distribuição do cálcio
no perfil do solo, haja vista as maiores dificuldades de incorporação do
calcário nessas condições (BENEDINE, 1990).
MORELLI et al.
(1987), estudando o efeito do gesso e do calcário nas propriedades químicas de
solos arenosos álicos e na produção de cana-de-açúcar, constataram que a ação
do calcário na correção do pH e o aumento da saturação das bases estão
restritos à camada superficial do solo, que o gesso proporcionou um decréscimo
na saturação de alumínio em profundidade, que o uso de calcário e gesso
associados aumentou a saturação de bases em superfície e diminuiu a saturação
de alumínio em profundidade, e que a dose de calcário utilizada (2 t/ha) não
interferiu na produção da cana-planta e soca, sendo, no entanto, aumentada com
ouso do gesso e da mistura do gesso com calcário.
Quanto à
interação entre calcário x fósforo, SILVEIRA et al. (1980) obtiveram resultado
significativo, distinguindo inclusive o calcário dolomítico do calcítico nesse
aspecto. ZAMBELLO JUNIOR et al. (1983) também observaram interação positiva
entre calcário e fósforo, sendo a produção de cana-planta e das três socas
subseqüentes aumentada pelas aplicações dos insumos.
De acordo com
SILVEIRA et al. (1980), o uso de calcário dolomítico foi melhor do que o
calcítico, quando em presença de doses elevadas de P2O5 (400
Kg/ha) e K2O (480 Kg/ha), enquanto na presença de doses ao redor de
100 Kg/ha de P2O5 e K2O as fontes de calcário comportaram-se
de forma semelhante sobre a produção de cana-planta.
No presente
trabalho, procurou-se verificar os efeitos do uso do calcário, isoladamente ou
em interação com o fósforo e com o potássio, do gesso e da mistura
calcário/gesso, sobre algumas propriedades químicas de diferentes solos e a
produção de cana-de-açúcar em diversos anos de cultivo.
MATERIAL E
MÉTODOS
Foram realizados
treze experimentos em nove locais, sendo quatro constituídos por doses de
calcário; fazendas Alegria e ltereré - Usina Santa Cruz-RJ, Volta Grande -
Usina Ana Florença-MG e Buritizinho -Destilaria Pompéu-MG; dois por doses de
calcário e inercal (mistura 70% de calcário + 30% de gesso), fazendas Córrego
das Pedras - Destilaria LASA-ES e Boa Vista - Usina Barcelos-RJ; um por doses
de calcário, inercal e gesso, fazenda São Luiz - Usina Cupim-RJ, quatro por
doses de calcário x fósforo, fazendas Córrego das Pedras - Destilaria LASA-ES;
Boa Vista - Usina Barcelos-RJ, Floresta - Usina Quissamã-RJ e São Miguel da
Mata - fornecedor da Usina Quissamã-RJ, e dois por doses de calcário x
potássio, fazendas Córrego das Pedras - Destilaria LASA-ES e Boa Vista - Usina
Barcelos-RJ.
As
características químicas dos solos dos experimentos são mostradas na tabela 1.
TABELA 1-
CARACTERÍSTICAS QUÍMICAS DOS SOLOS DAS ÁREAS DOS EXPERIMENTOS, ANTES DA
APLICAÇÂO DOS TRATAMENTOS.
Local * |
Solo |
Prof. cm |
pH |
P |
K |
Ca |
Mg |
Al |
H+Al |
CTC |
MO |
Al |
V |
ppm |
emg/100cc |
% |
|||||||||||
1
|
PA1
|
0-20 |
5,1 |
11 |
48 |
0,7 |
0,2 |
0,3 |
3,4 |
4,7 |
1,3 |
23 |
22 |
20-40 |
4,9 |
9 |
54 |
0,6 |
0,1 |
0,5 |
3,7 |
5,0 |
1,3 |
38 |
17 |
||
2
|
PA3
|
0-20 |
4,5 |
11 |
50 |
0,6 |
0,3 |
0,6 |
2,5 |
4,1 |
2,0 |
37 |
25 |
20-40 |
4,5 |
6 |
20 |
0,6 |
0,2 |
0,6 |
2,4 |
3,8 |
1,6 |
43 |
22 |
||
3
|
PA1
|
0-20 |
5,0 |
14 |
32 |
1,2 |
0,5 |
0,5 |
5,6 |
7,9 |
1,0 |
22 |
22 |
20-40 |
5,1 |
10 |
23 |
1,2 |
0,4 |
0,4 |
3,6 |
5,6 |
1,2 |
26 |
30 |
||
4
|
PA1
|
0-20 |
5,2 |
46 |
64 |
1,6 |
0,6 |
0,2 |
3,8 |
6,4 |
0,9 |
8 |
37 |
20-40 |
4,8 |
33 |
38 |
1,1 |
0,3 |
0,5 |
3,1 |
5,1 |
0,9 |
25 |
29 |
||
5 |
PA2 |
0-20 |
5,0 |
9 |
80 |
1,4 |
0,8 |
0,3 |
4,3 |
7,0 |
1,4 |
11 |
34 |
6
|
LVd
|
0-20 |
5,9 |
42 |
91 |
3,5 |
1,2 |
0,1 |
3,9 |
8,9 |
2,1 |
2 |
55 |
20-40 |
5,8 |
34 |
41 |
2,9 |
0,9 |
0,1 |
4,5 |
8,5 |
2,0 |
2 |
46 |
||
7 |
LEd1 |
0-20 |
5,0 |
7 |
88 |
0,5 |
0,4 |
1,1 |
6,3 |
8,5 |
2,8 |
50 |
13 |
8
|
Ce3
|
0-20 |
4,2 |
27 |
96 |
0,6 |
0,5 |
4,1 |
11,0 |
16,0 |
3,7 |
82 |
8 |
20-40 |
4,2 |
21 |
75 |
0,7 |
0,6 |
3,8 |
10,0 |
15,3 |
3,1 |
72 |
10 |
||
9 |
GH3 |
0-20 |
3,9 |
315 |
30 |
4,1 |
2,2 |
6,0 |
18,4 |
31,0 |
18,8 |
48 |
20 |
* 1- C. das Pedras-ES; 2- Boa Vista-RJ; 3- S. M. da Mata-RJ; 4- Floresta-RJ; 5- Itereré-RJ, 6- V. Grande-MG, 7- Buritizinho-MG, 8- Alegria-RJ, 9- São Luis-RJ |
Foram utilizados
os delineamentos estatísticos de blocos casualizados e de parcelas
subdivididas, cujos tratamentos são mostrados nas tabelas de resultados. As
parcelas foram constituídas por linhas de 10 m de comprimento, sendo que para a
área útil de cada parcela foram consideradas as três linhas centrais.
As variedades empregadas, as datas de plantio e de colheitas foram: |
|||
Local |
Variedade |
Plantio |
Colheita |
Faz. Alegria |
CB 45-3 |
21/01/81 |
06/82e09/83 |
Faz. V. Grande |
CB 45-3 |
17/03/81 |
07/82 e 07/83 |
Faz. Itereré |
CB 45-3 |
25/03/65 |
10/87 e 12/88 |
Faz. São Luiz |
CB 45-3 |
02/06/88 |
09/89 |
Faz. S. M. da Mata |
CB 45-3 |
28/03/86 |
06/87 e 10/88 |
Faz. Floresta |
CB 45-3 |
07/04/86 |
08/87 |
Faz. Boa Vista |
RB73-9359 |
25/03/87 |
08/88 e 08/89 |
Faz. C. Buritizinho |
CB47-76 |
22/04/83 |
07/84 e 06/85 |
Faz, das Pedras |
RB73-9735 |
09/04/87 |
07/88, 08/89, 09/90, 09/91 e 09/92 |
Em todas as áreas
experimentais, foram empregadas adubações em conformidade com os resultados de
análises de solo. O calcário, o inercal e o gesso foram aplicados em área
total, com incorporação trinta dias antes do plantio, sendo que na fazenda
Alegria, os tratamentos foram reaplicados após o corte da cana-planta. O
calcário utilizado foi o magnesiano, à exceção da 2ª aplicação da
fazenda Alegria em que se empregou o dolomítico.
Os efeitos dos
tratamentos foram avaliados sobre as características do solo (pH, teores de P,
K, Ca, Mg, Al, H + Al, saturação de alumínio (Al%) e saturação de bases (V%) e
sobre a produção de colmos em t/ha.
RESULTADOS E
DISCUSSÃO
Nas tabelas 2, 3,
4 e 5 são apresentados os resultados das análises químicas das áreas
experimentais após a aplicação dos tratamentos.
TABELA 2 -
CARACTERÍSTICAS QUÍMICAS DOS SOLOS DAS FAZENDAS CÓRREGO DAS PEDRAS (1) E BOA
VISTA (2), 6 MESES APÓS A APLICAÇÃO DOS TRATAMENTOS.
Trat. (t.ha-1) |
Prof. cm |
pH |
Ca |
Mg |
Al |
H+Al |
Al |
V |
||||||||
1 |
2 |
1 |
2 |
1 |
2 |
1 |
2 |
1 |
2 |
1 |
2 |
1 |
2 |
|||
|
emg/100ml |
% |
||||||||||||||
Calcário |
0
|
0-20 |
5,2 |
4,7 |
0,9 |
0,7 |
0,2 |
0,3 |
0,3 |
0,5 |
3,3 |
2,8 |
21 |
33 |
25 |
26 |
20-40 |
5,1 |
4,4 |
0,7 |
0,6 |
0,2 |
0,8 |
0,4 |
0,5 |
3,6 |
2,3 |
31 |
26 |
20 |
20 |
||
2
|
0-20 |
5,8 |
6,0 |
1,7 |
1,0 |
0,5 |
0,8 |
0,1 |
0,0 |
3,0 |
1,6 |
4 |
0 |
43 |
55 |
|
20-40 |
5,5 |
4,8 |
1,3 |
0,9 |
0,4 |
0,3 |
0,2 |
0,5 |
3,1 |
2,3 |
11 |
29 |
35 |
31 |
||
4
|
0-20 |
5,9 |
6,5 |
1,9 |
2,4 |
0,5 |
0,8 |
0,0 |
0,0 |
2,4 |
1,1 |
0 |
0 |
51 |
75 |
|
20-40 |
5,7 |
5,0 |
1,7 |
1,2 |
0,5 |
0,4 |
0,0 |
0,3 |
2,6 |
2,1 |
0 |
16 |
47 |
41 |
||
6
|
0-20 |
6,1 |
6,5 |
2,0 |
2,3 |
0,5 |
0,8 |
0,0 |
0,0 |
2,4 |
1,1 |
0 |
0 |
52 |
75 |
|
20-40 |
5,9 |
5,0 |
2,0 |
1,1 |
0,6 |
0,3 |
0,0 |
0,3 |
2,4 |
2,5 |
0 |
18 |
53 |
35 |
||
8
|
0-20 |
6,0 |
7,0 |
1,8 |
3,0 |
0,5 |
0,8 |
0,0 |
0,0 |
2,4 |
0,7 |
0 |
0 |
50 |
84 |
|
20-40 |
5,8 |
5,5 |
1,7 |
1,5 |
0,6 |
0,5 |
0,0 |
0,2 |
2,7 |
2,0 |
0 |
9 |
47 |
48 |
||
Inercal |
2
|
0-20 |
5,7 |
5,6 |
1,5 |
1,8 |
0,4 |
0,6 |
0,1 |
0,1 |
3,3 |
2,1 |
5 |
4 |
37 |
53 |
20-40 |
5,3 |
4,5 |
1,3 |
0,9 |
0,3 |
0,3 |
0,2 |
0,5 |
3,5 |
2,8 |
11 |
29 |
31 |
28 |
||
4
|
0-20 |
5,8 |
6,1 |
2,8 |
2,6 |
0,4 |
0,8 |
0,0 |
0,0 |
2,8 |
1,2 |
0 |
0 |
47 |
75 |
|
20-40 |
5,5 |
4,8 |
1,8 |
1,1 |
0,4 |
0,3 |
0,1 |
0,4 |
2,9 |
2,2 |
4 |
22 |
43 |
36 |
Pelos valores
apresentados na tabela 1, verifica-se que, com base nos critérios de
recomendação utilizados no Brasil, todas as áreas experimentais necessitavam da
aplicação de calcário, visto que AZEREDO et al. (1988) preconizam calagem se os
teores de Ca + Mg forem inferiores a 1,4 meq/100 ml de solo e se a saturação de
Al for maior do que 50%, que ORLANDO FILHO e RODELLA (1987) indicam o uso de
calcário em solos com saturação de Al maior do que 30% e Ca + Mg menor do que
1,4 meq/100 ml de solo, que BENEDINE (1989) considera como nível critico 3 meq.
de Ca + Mg /100 ml de solo e que VAN RAIJ et al. (1985) estabeleceram o limite
de 60% para a saturação por bases do solo como índice desejável para a
cana-de-açúcar.
TABELA 3 -
CARACTERISTICAS QUÍMICAS DOS SOLOS DAS FAZENDAS FLORESTA (1) E SÃO MIGUEL DA
MATA (2), DAS CAMADAS DE 0-20 E 20-40 CM, 6 MESES APÓS A APLICAÇÃO DOS
TRATAMENTOS.
Calcário (t.ha-1) |
Prof. cm |
pH |
Ca |
Mg |
Al |
H+Al |
Al |
V |
|||||||
1 |
2 |
1 |
2 |
1 |
2 |
1 |
2 |
1 |
2 |
1 |
2 |
1 |
2 |
||
|
emg/100ml |
% |
|||||||||||||
0 |
0-20 |
4,9 |
5,1 |
0,9 |
1,1 |
0,3 |
0,4 |
0,6 |
0,4 |
4,6 |
3,9 |
33 |
21 |
34 |
34 |
20-40 |
4,5 |
5,1 |
1,1 |
1,2 |
0,3 |
0,4 |
0,5 |
0,4 |
4,2 |
3,6 |
26 |
20 |
31 |
36 |
|
2 |
0-20 |
5,7 |
5,9 |
1,9 |
1,9 |
0,7 |
0,7 |
0,0 |
0,2 |
3,6 |
3,1 |
0 |
7 |
48 |
48 |
20-40 |
5,2 |
5,3 |
1,5 |
1,4 |
0,5 |
0,5 |
0,3 |
0,2 |
3,6 |
3,5 |
13 |
10 |
41 |
42 |
|
4 |
0-20 |
6,3 |
6,2 |
2,8 |
2,3 |
1,0 |
0,7 |
0,0 |
0,0 |
2,3 |
3,0 |
0 |
0 |
62 |
50 |
20-40 |
5,7 |
5,5 |
2,1 |
1,7 |
0,7 |
0,5 |
0,1 |
0,1 |
3,1 |
3,0 |
3 |
4 |
48 |
44 |
TABELA 4 -
CARACTERISTICAS QUIMICAS DA CAMADA DE 0-20 CM DOS SOLOS DAS FAZENDAS ALEGRIA AOS
16 MESES (1)E 18 MESES (2), ITERERE AOS 42 MESES E VOLTA GRANDE AOS 18 MESES,
APÓS A APLICAÇÃO DOS TRATAMENTOS.
Calcário (t.ha-1) |
pH |
Ca |
Mg |
Al |
H+Al |
Al |
V |
|||||||
1 |
2 |
1 |
2 |
1 |
2 |
1 |
2 |
1 |
2 |
1 |
2 |
1 |
2 |
|
|
emg/100ml |
% |
||||||||||||
0 + 0 |
4,4 |
4,5 |
0,8 |
0,7 |
0,3 |
0,3 |
4,2 |
4,4 |
11,0 |
10,8 |
79 |
81 |
10 |
10 |
1 + 1 |
4,5 |
4,6 |
1,2 |
1,7 |
0,3 |
0,4 |
3,8 |
3,4 |
10,7 |
9,8 |
71 |
61 |
14 |
19 |
2 + 2 |
4,6 |
4,8 |
1,4 |
2,5 |
0,3 |
0,5 |
3,6 |
2,6 |
10,5 |
9,2 |
68 |
46 |
15 |
26 |
3 + 3 |
4,5 |
5,0 |
1,6 |
2,7 |
0,3 |
0,6 |
3,3 |
2,3 |
10,0 |
9,3 |
63 |
41 |
17 |
27 |
4 + 4 |
4,6 |
4,9 |
2,0 |
3,6 |
0,3 |
0,7 |
2,6 |
1,7 |
9,8 |
8,6 |
53 |
28 |
20 |
34 |
Fazenda Itereré |
||||||||||||||
0 |
5,0 |
|
1,4 |
|
0,7 |
|
0,3 |
|
3,4 |
|
12 |
|
43 |
|
1 |
5,1 |
|
1,6 |
|
0,8 |
|
0,2 |
|
3,1 |
|
9 |
|
47 |
|
2 |
5,2 |
|
2,0 |
|
1,0 |
|
0,1 |
|
2,7 |
|
4 |
|
55 |
|
3 |
5,7 |
|
2,5 |
|
1,1 |
|
0,0 |
|
2,1 |
|
0 |
|
64 |
|
4 |
6,0 |
|
3,0 |
|
1,2 |
|
0,0 |
|
1,7 |
|
0 |
|
72 |
|
Fazenda Volta Grande |
||||||||||||||
0 |
6,1 |
|
4,4 |
|
1,3 |
|
0,0 |
|
4,1 |
|
0 |
|
59 |
|
1 |
6,3 |
|
4,8 |
|
1,2 |
|
0,0 |
|
3,6 |
|
0 |
|
61 |
|
2 |
6,4 |
|
5,2 |
|
1,3 |
|
0,0 |
|
3,7 |
|
0 |
|
63 |
|
3 |
6,6 |
|
5,7 |
|
1,2 |
|
0,0 |
|
2,9 |
|
0 |
|
69 |
|
4 |
6,9 |
|
6,7 |
|
1,2 |
|
0,0 |
|
2,0 |
|
0 |
|
78 |
|
TABELA 5 -
CARACTERÍSTICAS QUÍMICAS DO SOLO DA FAZENDA SÃO LUIZ, DA CAMADA DE 0-20 CM, 4
MESES APÓS A APLICAÇÃO DOS TRATAMENTOS.
Tratamentos |
(t.ha-1) |
pH |
Ca |
Mg |
Al |
H+Al |
Al |
V |
emg/100ml |
% |
|||||||
Calcário |
0 |
4,0 |
5,7 |
2,3 |
4,1 |
17,3 |
34 |
27 |
5 |
4,3 |
8,4 |
3,0 |
2,9 |
15,8 |
20 |
38 |
|
10 |
4,6 |
11,5 |
3,9 |
1,4 |
13,6 |
8 |
51 |
|
15 |
4,7 |
11,4 |
3,6 |
1,7 |
14,9 |
10 |
47 |
|
Inercal |
5 |
4,1 |
7,1 |
2,5 |
3,7 |
17,0 |
28 |
28 |
10 |
4,4 |
12,9 |
3,5 |
3,0 |
14,7 |
15 |
48 |
|
Gesso |
1,5 |
3,8 |
4,8 |
1,9 |
5,5 |
19,7 |
45 |
21 |
3,0 |
3,9 |
7,3 |
2,1 |
4,6 |
18,2 |
32 |
29 |
Os efeitos das
doses de calcário nas características químicas dos solos aumentaram os valores de
pH, Ca e V% e diminuíram os teores de Al, H+Al e Al% (tabelas 2, 3, 4 e 5). Os
resultados obtidos são condizentes com os dados encontrados por MORELLI et al.
(1967), SILVA et al. (1991), LORENZETTI et al. (1992).
Em Alegria e São
Luiz (tabelas 4 e 5), em vista do poder tampão do solo, foram necessárias doses
elevadas de calcário para provocar variações expressivas no pH, Al% e V%.
A influência do
inercal (mistura de calcário:gesso) sobre as características químicas dos solos
mostrou-se semelhante à observada para o calcário (tabelas 2 e 5).
O emprego do
gesso na fazenda São Luiz (tabela 5) não interferiu nas características
químicas do solo na camada superficial (0-20 cm).
Estes resultados
evidenciam o efeito positivo da utilização do calcário sobre algumas
características dos solos estudados, entretanto, quando se avalia o efeito
benéfico da correção destas características sobre a produção de colmo da
cana-de-açúcar, obtidas nos diferentes experimentos e tipos de solo, tabelas 6,
7, 8 e 9, observa-se que, nas mais distintas condições e em diferentes ciclos,
planta e/ou socas, as concentrações de alumínio e/ou a saturação elevada de
alumínio não afetaram a produção de colmos. A saturação de bases baixas também
não se mostrou limitante ao desenvolvimento da cultura.
TABELA 6 -
PRODUÇÃO DE CANA, EM T/HA, PARA DIFERENTES CORTES E RESUMO DAS ANÁLISES DE
VARIÂNCIA
Tratamentos |
t/ha |
C. das Pedras |
Boa Vista |
Buritizinho |
||||||
1ª F |
2ª F |
3ª F |
4ª F |
5ª F |
1ª F |
2ª F |
1ª F |
2ª F |
||
Calcário |
0 |
86 |
77 |
92 |
96 |
78 |
83 |
83 |
37 |
86 |
2 |
89 |
79 |
88 |
98 |
74 |
94 |
87 |
32 |
77 |
|
4 |
83 |
75 |
84 |
94 |
85 |
103 |
88 |
33 |
85 |
|
6 |
83 |
68 |
81 |
92 |
76 |
89 |
90 |
39 |
95 |
|
8 |
89 |
77 |
91 |
100 |
73 |
90 |
94 |
- |
- |
|
Inercal |
2 |
88 |
74 |
86 |
101 |
82 |
95 |
91 |
- |
- |
4 |
87 |
75 |
87 |
95 |
77 |
103 |
89 |
- |
- |
|
CV% |
8,51 |
8,50 |
7,80 |
11,79 |
14,51 |
13,51 |
9,69 |
8,30 |
11,92 |
|
F |
0,54 |
1,18 |
1,29 |
0,31 |
0,33 |
1,29 |
0,59 |
6,31 |
2,59 |
TABELA 7 -
PRODUÇÃO DE CANA-PLANTA, EM T/HA, E RESUMO DAS ANÁLISES DE VARIÂNCIA.
Tratamentos |
t/ha |
Fazenda São Luiz |
|
|
1989 |
Calcário |
0 |
53 |
5 |
60 |
|
10 |
63 |
|
15 |
67 |
|
Inercal |
5 |
50 |
10 |
65 |
|
Gesso |
1,5 |
48 |
3 |
59 |
|
CV% |
18,23 |
|
F |
2,17 |
TABELA 8-
PRODUÇÃO DE CANA, EM T/HA, PARA DIFERENTES CORTES E RESUMO DAS ANALISES DE
VARIÂNCIA
Tratamentos |
Qde. |
C. das Pedras |
Boa Vista |
S.M. Mata |
Floresta |
||||||
1ª F |
2ª F |
3ª F |
4ª F |
5ª F |
1ª F |
2ª F |
1ª F |
2ª F |
1ª F |
||
Calcário t/ha-1 |
0 |
92 |
72 |
84 |
94 |
70 |
92 |
81 |
79 |
77 |
58 |
2 |
89 |
73 |
86 |
94 |
72 |
89 |
82 |
83 |
83 |
55 |
|
4 |
90 |
71 |
83 |
95 |
68 |
90 |
87 |
81 |
83 |
58 |
|
6 |
94 |
74 |
84 |
95 |
69 |
94 |
89 |
- |
- |
- |
|
P2O5 kg/ha |
0 |
75 |
69 |
76 |
82 |
63 |
84 |
76 |
78 |
77 |
56 |
50 |
82 |
71 |
83 |
93 |
67 |
93 |
83 |
81 |
79 |
59 |
|
100 |
80 |
72 |
86 |
92 |
67 |
92 |
89 |
84 |
83 |
59 |
|
150 |
81 |
75 |
87 |
102 |
73 |
92 |
87 |
83 |
83 |
54 |
|
200 |
84 |
73 |
86 |
97 |
73 |
95 |
87 |
- |
- |
- |
|
50 * |
83 |
73 |
86 |
100 |
76 |
90 |
86 |
80 |
89 |
56 |
|
C.V.(Cálcio) |
7,2 |
11,4 |
6,8 |
7,6 |
9,3 |
12,8 |
9,9 |
11,6 |
16,6 |
17,0 |
|
C.V.(Fósf.) |
9,8 |
8,1 |
11,9 |
11,5 |
12,0 |
7,4 |
7,4 |
9,7 |
9,3 |
12,0 |
|
F (Cálcio) |
0,5 |
0,4 |
0,4 |
0,0 |
1,4 |
0,6 |
3,5 |
0,8 |
1,4 |
0,9 |
|
F (Fósforo) |
1,9 |
1,2 |
2,7 |
5,2 |
3,7 |
3,9 |
6,6 |
1,2 |
1,9 |
1,8 |
|
F (Int. CaXP) |
0,9 |
0,6 |
0,4 |
1,8 |
2,0 |
3,8 |
2,3 |
1,2 |
0,8 |
1,1 |
|
D.m.s. (P) |
- |
- |
- |
13,3 |
11,8 |
8,6 |
8,9 |
- |
- |
- |
Os teores de Ca e
Mg no solo mostraram-se suficientes para o atendimento das necessidades da
cultura, estando eles, de maneira geral, próximos ou superiores aos teores
críticos preconizados por AZEREDO et al. (1988) e ORLANDO e RODELLA (1987).
Desta forma não
se constataram benefícios da aplicação do calcário, inercal e gesso sobre a
produção de cana, estando estes resultados em concordância com os obtidos por
AZEREDO et al. (1981) e MORELLI et al. (1987).
TABELA 9 -
PRODUÇÃO DE CANA, EM T/HA, PARA DIFERENTES CORTES E RESUMO DAS ANÁLISES DE
VARIÂNCIA
Tratamentos |
Qde. |
Faz.Itereré |
Faz.Alegria* |
Faz V.Grande |
|||
2ª F |
3ª F |
1ª F |
2ª F |
1ª F |
2ª F |
||
Calcário t/ha-1 |
0 |
44 |
85 |
74 |
106 |
59 |
82 |
1 |
48 |
83 |
79 |
114 |
62 |
78 |
|
2 |
48 |
85 |
78 |
108 |
65 |
86 |
|
3 |
45 |
90 |
75 |
110 |
62 |
87 |
|
4 |
46 |
82 |
78 |
114 |
66 |
86 |
|
C.V. % |
7,47 |
8,50 |
4,24 |
6,41 |
8,78 |
8,87 |
|
F |
1,90 |
1,05 |
2,36 |
1,03 |
1,26 |
1,52 |
|
* Após o 1º corte os tratamentos foram reaplicados |
A não-resposta na
produção da cana-de-açúcar à aplicação dos corretivos, nos solos estudados, ratifica
os trabalhos de AZEREDO e SARRUGE (1984), MARINHO et al. (1980), AYRES et al.
(1965) e HETHERINGTOR et al. (1986), quanto à tolerância da cultura ao alumínio
e evidencia sua baixa exigência ao Ca + Mg.
Os resultados
obtidos sugerem que a recomendação de calagem para a cultura da cana-de-açúcar,
na região, deve priorizar a conservação da fertilidade dos solos, visando à
manutenção de seus potenciais de produção a despeito da expectativa de se
aumentar a produtividade.
Na tabela 8, são
apresentados os resultados de produção de cana de três experimentos de calcário
x fósforo e na tabela 10 os resultados de dois experimentos de calcário x
potássio.
TABELA 10 -
PRODUÇÃO DE CANA, EM t/ha, PARA DIFERENTES CORTES, E RESUMO DAS ANÁLISES DE
VARIÂNCIA.
Tratamentos |
Qde. |
Faz. Boa Vista |
Fazenda Córrego das Pedras |
|
1 a.F |
1 a.F |
2 a.F |
||
Calcário t/ha-1 |
0 |
92 |
93 |
90 |
2 |
87 |
98 |
96 |
|
4 |
83 |
96 |
92 |
|
6 |
89 |
91 |
83 |
|
Potássio kg/ha |
0 |
82 |
93 |
91 |
70 |
83 |
91 |
87 |
|
140 |
86 |
96 |
88 |
|
210 |
96 |
95 |
89 |
|
280 |
91 |
97 |
94 |
|
C.V.(Cálcio) |
8,70 |
13,10 |
7,06 |
|
C.V.(Potássio) |
13,99 |
9,59 |
8,14 |
|
F (Cálcio) |
1,41 |
0,65 |
10,12** |
|
F (Potássio) |
2,67* |
0,80 |
1,46 |
|
F (Int. CaXK) |
0,86 |
0,73 |
0,91 |
|
D.m.s. (K) |
14,48 |
- |
10,44 |
Houve efeito da
adubação fosfatada nos experimentos da Faz. Córrego da Pedras, na quarta e
quinta folhas, e na primeira e segunda folhas na Faz. Boa Vista, na qual também
se verificou o efeito da interação calcário x fósforo em cana-planta.
O efeito do uso
de potássio foi observado somente para a dose de 210 kg de K2O/ha em
cana-planta da fazenda Boa Vista.
CONCLUSÕES
Publicado
originalmente nos anais do 6º Congresso Nacional da Sociedade dos
Técnicos Açucareiros e Alcooleiros do Brasil - STAB. Maceió/AI., novembro/96,
Anais,
REFERÊNCIAS
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